Pemba regista nova vaga de deslocados após confrontos
25 de junho de 2021Devido a falta de famílias para lhes acolher, alguns deslocados permanecem na praia de Paquitequete, onde aguardam pela realocação às aldeias de reassentamento. Saide Ali desembarcou esta quinta-feira (24.06) na mesma praia. Chegou com outros membros da sua família, oriundos de Palma, de onde fogem dos ataques terroristas.
Ali conta que em Palma "a situação é perigosa” porque "em todo o lugar para onde nos refugiamos os terroristas nos perseguem”, relatou à DW África Saide Ali.
A semelhança de Saide Ali, outros deslocados encontram-se na praia de Paquiquete, pela sua realocação nas aldeias de reassentamento criadas pelo Governo em distritos considerados seguros para o reinício da vida das vítimas do terrorismo.
Numa comunicação a jornalistas em Pemba, por ocasião das celebrações alusivas aos 46 anos da Independência, o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo confirmou a ocorrência de ações terroristas, visando criar desestabilização e pânico na província.
"A realidade é essa. O inimigo continua a criar espaço para querer desestabilizar”, garantiu Tauabo. O governador salienta que, "devido à bravura das nossas Forças de Defesa e Segurança, [os terroristas] não encontram facilidades”
Maior vigilância
O governante afirmou que as incursões dos insurgentes têm estado a criar impactos severos na vida da população e pediu vigilância para que o "fenômeno não se alastre a outras regiões de Cabo Delgado”.
Moçambique celebra esta sexta-feira (25.06) 46º aniversário da Independência Nacional. Mas, devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado, as festividades da data "não são exaltadas como deveriam ser na nossa moçambicanidade”, lamentou Valige Tauabo.
Em Cabo Delgado as cerimónias alusivas aos 46 anos da Independência Nacional, decorreram na presença da chefe da brigada central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) para assistência a esta província, Alcinda de Abreu.
A mandatária da FRELIMO pronunciou-se sobre os ataques terroristas, apelando à união do povo moçambicano para vencer o fenómeno, tal como no passado venceu o colonialismo português.
Alcinda de Abreu apela à determinação de todos no combate ao terrorismo, porque, segundo destacou, "os terroristas destroem vidas, já mataram muita gente, destroem conquistas do povo moçambicano”.
Para Abreu "temos que ser nós próprios a defender a nossa vidas e as nossas conquistas”, acrescentando que "ninguém, com nenhum tipo de arma vai nos impedir de sermos nós próprios”.
Segundo a Organização das Nações Unidas, desde que o conflito iniciou, em outubro de 2017, mais de 732 mil pessoas foram obrigadas a abandonar as suas zonas de origem.