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ONG exige proteção e monitoria para Venâncio Mondlane

8 de janeiro de 2025

Sociedade civil enviou carta a organismos internacionais em prol da integridade física de Venâncio Mondlane, que chega amanhã a Moçambique. À DW, Wilker Dias diz que reforço policial em Maputo visa intimidar a população.

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Venâncio Mondlane, candidato presidencial
Venâncio Mondlane deverá regressar a Moçambique esta quinta-feira (09.01)Foto: Nádia Issufo/DW

Em Moçambique, a sociedade civil está numa campanha "a todo o terreno" em prol da integridade física e a liberdade de Venâncio Mondlane. Endereçaram uma missiva nesse sentido, até para organismos relevantes internacionais, após o candidato presidencial ter denunciado perseguição política e receios de assassinato.

Uma das signatárias do movimento é a Plataforma Eleitoral Decide. Em entrevista à DW, Wilker Dias, colaborador desta Plataforma, ressalta a relevância de Venâncio Mondlane para um ansiado diálogo que possa colocar Moçambique nos carris.

O ativista social diz, no entanto, não acreditar que o reforço policial que já se presencia em Maputo seja "uma medida preventiva para evitar tumultos": "É uma medida para intimidar as pessoas, para que as pessoas não possam fazer parte deste movimento que está a ser criado de receção ao candidato Venâncio Mondlane", diz.

DW África: O que motivou esta carta?

Wilker Dias (WD): Esta carta é dirigida também tendo em conta o papel que o próprio Venâncio Mondlane pode ter para a resolução da atual tensão política no país. Este é um ponto que nós devemos começar já a pensar que é a promoção de diálogos nos próximos tempos. Acho que é um dos pontos fulcrais e a sua a integridade física será muito importante para a continuidade disso. Caso contrário, poderíamos estar a entrar numa onda de um caos sem precedentes.

Ativista social Wilker Dias
Ativista social Wilker DiasFoto: Arcénio Sebastião/DW

DW África: Na carta, vocês acham fundamental que se faça uma monitoria à denúncia de qualquer ameaça à integridade física e à liberdade. Estão a dizer claramente que, em Moçambique, a perseguição política está ao rubro?

WD: Sim, a perseguição política está ao rubro e não é só contra os políticos, mas também contra os ativistas. E esta carta, que acredito que vai ser melhor produzida pelo gabinete de Comunicação de Venâncio Mondlane, foi feita pelas diversas organizações e grupos de ativistas no país. Estes grupos de ativistas e organizações, por conta dessa reclamação que também os acaba por afetar, é que têm estado a fazer esta divulgação desta carta.

É uma preocupação geral, não é só de Venâncio Mondlane, mas também daqueles que lutam pelos direitos fundamentais do Homem em Moçambique. Se formos olhar também por um outro ângulo, os números que temos tido em termos de mortos por perseguição política tendem a aumentar. Cerca de 12 pessoas perderam a vida, durante a última semana, vítimas de perseguição política, o que acaba sendo um pouco assustador.

DW África: O desaparecimento de Venâncio Mondlane seria ouro sobre o azul para os seus inimigos. Acredita que as instituições do Estado, consideradas como manietadas pelo regime, estariam dispostas a aceitar os apelos feitos por vocês com vista a garantir a integridade física do candidato presidencial?

Protestos em Moçambique
Wilker Dias: "12 pessoas perderam a vida, durante a última semana, vítimas de perseguição política, o que acaba sendo um pouco assustador"Foto: Jaime Álvaro/DW

WD: Essa é a nossa esperança, mas não acho muito provável …. provou ao longo deste período que essas instituições servem para satisfazer mais os terceiros do que propriamente o povo moçambicano. É um desafio, a esperança é a última a morrer, mas é pouco provável, porque já vimos situações do género, não só com Venâncio Mondlane. Mesmo com Dhlakama, o líder da perdiz, verificávamos situações do género, em que a intenção era a mesma, em vez de proteger, eliminar para sair da cena política.

DW África: Da cidade de Maputo chegam-nos relatos de aumento da presença policial em lugares estratégicos e de forças bem armadas e bem preparadas para o dia da amanhã. Acha que é a intenção das autoridades de facto pôr em causa a vida ou a integridade de Venâncio Mondlane no dia da sua chegada ou é apenas uma medida preventiva para evitar tumultos à semelhança do que tem acontecido nos últimos dois meses?

WD: Não é uma medida preventiva para evitar tumultos ou algo do género. É uma medida para intimidar as pessoas, para que as pessoas não possam fazer parte deste movimento que está a ser criado de receção ao candidato Venâncio Mondlane, e isto vai ter alguma repercussão ao nível da integridade física se algo correr mal, porque geralmente a polícia não segue o protocolo. A polícia viola de forma abusiva esse protocolo e os resultados são os verificados ao longo deste processo.

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Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África
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