Pirataria na África Ocidental assume dimensões alarmantes
8 de setembro de 2011A pirataria na Costa Ocidental de África cresce a um ritmo alarmante e começa a ser um problema sério para o comércio internacional. No primeiro semestre do ano registaram-se aqui mais de 30 ataques contra petroleiros e outros cargueiros. Seis barcos foram sequestrados. Pottengal Mukundan, diretor da Organização Marítima Internacional (IMO) sediada em Londres, explica que o processo de sequestro nesta região é idêntico àquele no Corno de África: "Chegam com pequenas embarcações rápidas, com armas automáticas e lançadores de granadas. Forçam o barco a parar e depois procedem à abordagem".
Mas os objetivos dos piratas no oeste africano são diferentes dos da Somália. Os somalis sequestram os barcos para pedir resgates. Os piratas da costa ocidental estão mais interessados em apoderar-se da carga. Por isso visam, sobretudo, petroleiros e barcos de carga com produtos químicos, por se tratar de bens que podem vender no mercado negro.
Pirataria ameaça o fornecimento de petróleo
O investigador e especialista em terrorismo, Bamidele A. Ojo, da Universidade de Fairleigh Dickinson, nos Estados Unidos da América, diz que estas atividades criminosas vão afetar o fornecimento de petróleo, porque obrigam a um aumento da segurança nos barcos que transportam o crude da África Ocidental para a Europa: “O que, evidentemente, aumentará o preço do petróleo, uma vez que os custos adicionais serão transferidos para os clientes na Europa e nos Estados Unidos".
Apesar desta ameaça, os meios de comunicação internacionais não dedicam muito espaço ao aumento dos casos de pirataria na costa ocidental de África. Pottengal Mukundan, da Organização Marítima Internacional, ensaia uma explicação: "Na África Ocidental só é relatado um terço dos ataques, a grande maioria nem sequer chega ao conhecimento público”. Mukundan aponta como causa “o receio dos donos das embarcações de represálias por parte dos bandos armados, com os quais preferem lidar diretamente".
Combate à pirataria passa pela integração dos esforços
Os governos da África Ocidental propõem uma estratégia integrada como a melhor solução para deter os ataques piratas. Mas analistas como Bamidele A. Ojo advertem que é preciso mais do que apenas reforçar as marinhas de guerra nacionais: "É necessário criar um sistema integrado para a guarda costeira, de modo a que todos os países da Comunidade Económica da África Ocidental operem em conjunto para defender com eficácia a região".
No entanto, os analistas também reconhecem que esta solução é altamente improvável, uma vez que os custos de semelhante sistema integrado ultrapassam as capacidades financeiras de muitos dos países da região.
Autora: Alice Kingi
Edição: Cristina Krippahl/Marta Barroso