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Polícia registou 347 processos por terrorismo em Moçambique

Lusa
20 de janeiro de 2022

A polícia de investigação moçambicana registou no último ano 347 processos por terrorismo em Cabo Delgado, 11 dos quais levaram a detenções e os restantes contra desconhecidos, anunciou o diretor provincial.

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Foto: Getty Images/AFP/J. Nhamirre

"Foram registados 347 processos e destes apenas 11 com arguidos presos", referiu o diretor do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) em Cabo Delgado, Ntengo Crisanto.

Aquele responsável falava na quarta-feira (19.01) após um encontro com o secretário de Estado da província. "O Sernic tem encarado vários constrangimentos", sublinhou.

Crisanto referiu que "o número de processos pendentes, os denunciantes e declarantes são de difícil acesso, porque muitos são deslocados".

"A situação piora pelo facto de Palma, Muidumbe, Quissanga e Mocímboa da Praia não terem instalações do Sernic", descreveu.

Aqueles distritos têm sido os mais afetados pela insurgência armada em cabo Delgado e chegaram a estar ocupados por rebeldes durante diferentes períodos ao longo dos últimos quatro anos de violência.

Instalar o Sernic nas zonas de insurgência

O secretário de Estado da província, António Supeia, defendeu a instalação da polícia de investigação moçambicana naquelas zonas. "É preciso que se instale o Sernic nos distritos onde precisamos que a vida da população arranque, no quadro do plano de reconstrução de Cabo Delgado", disse Supeia.

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Aquela força policial deve ajudar a fazer face "ao crime organizado, à corrupção, terrorismo e extremismo violento" em distritos onde nunca esteve presente.

Por outro lado, "é preciso manter uma boa relação com as comunidades para que logremos sucessos no nosso trabalho, quer investigativo, quer operativo no âmbito do combate ao crime organizado", concluiu.

O conflito em Cabo Delgado já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade do Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu o aumento da segurança, mas os confrontos continuam em vários pontos e alastraram para a vizinha província do Niassa.