Polícias quenianos acusados de crimes contra a Humanidade
28 de outubro de 2022Polícias quenianos foram acusados de crimes contra a Humanidade, incluindo o assassínio de um bebé, na violência pós-eleitoral em 2017, segundo comunicado da Procuradoria Geral da República, que denuncia "ataques sistemáticos contra a população civil".
Em 2017, o então Chefe de Estado Uhuru Kenyatta foi declarado vencedor das eleições presidenciais, mas o seu principal adversário, Raila Odinga, alegou fraude e contestou os resultados. A disputa resultou numa onda de violência.
"As investigações estabeleceram que polícias podem ser responsáveis pelo assassínio" de um bebé e "outras graves violações de direitos humanos", de acordo com o comunicado de imprensa da procuradoria, que não especificou a identidade nem o número de acusados.
ONU saúda a decisão das autoridades quenianas
Segundo o diário queniano The Nation, entre os acusados figuram um comissário de polícia, um superintendente de polícia, um superintendente adjunto, um inspetor-chefe, um inspetor, seis inspetores de polícia, um sargento-chefe e um sargento.
De acordo com o gabinete do procurador, trata-se dos "primeiros casos de crimes contra a Humanidade processados segundo a legislação queniana".
O novo alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, saudou a decisão das autoridades judiciais, considerando que se trata de um "passo significativo para a responsabilização por violações graves dos direitos humanos no Quénia" após a violência pós-eleitoral de 2017.
Bebé assassinado
A Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quénia documentou 94 mortes, 201 casos de violência sexual e mais de 300 feridos, atribuídos principalmente às forças de segurança.
Uma bebé de seis meses, Samantha Pendo, foi espancada pela polícia após uma rusga das forças de segurança em Kisumu, no oeste do país.