Polícia acusa RENAMO de usar bombas caseiras em protestos
30 de outubro de 2023A Polícia da República de Moçambique (PRM) acusou, esta segunda-feira (30.10), a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), maior partido da oposição, de fabricar e usar bombas caseiras nas manifestações contra os resultados das eleições em Nampula.
"Sabe-se muito bem que a nível do partido RENAMO existem militantes que têm conhecimento sobre o uso de material bélico e aproveitaram-se desse conhecimento para fabricar bombas caseiras para usar contra a polícia no momento em que estivesse a fazer a reposição da ordem e segurança pública", disse Zacarias Nacute, porta-voz da Polícia da República de Moçambique PRM em Nampula, durante uma conferência de imprensa.
Polícia ferido
Segundo as autoridades, as bombas caseiras, supostamente fabricadas pela RENAMO, atingiram um agente da Unidade de Intervenção Rápida que, em consequência dos danos causados pelo engenho, teve de ser submetido a amputação de um braço.
O porta-voz da polícia avançou que as bombas terão sido fabricadas pelos dirigentes da RENAMO, na delegação provincial do partido em Nampula, referindo que existem matérias suficientes para a responsabilização dos autores.
"Esta é uma informação que confirmámos após a apreensão de alguns engenhos que se encontravam na delegação, assim como os restos do engenho que feriu o membro da polícia", referiu Zacarias Nacute.
De acordo com a polícia moçambicana, pelo menos 101 pessoas foram detidas nas cidades de Nampula e Nacala-Porto, onde decorreram as manifestações, e estão em curso processos-crime "pelos danos causados e pela desestabilização da ordem pública" naqueles municípios.
A PRM avançou que neste momento a situação na província está "calma e controlada".
A Lusa contactou a RENAMO para esclarecimentos, mas não teve resposta.
Na cidade de Maputo, a polícia moçambicana fez vários disparos de gás lacrimogéneo sobre milhares de pessoas que marchavam em protesto dos resultados.
Segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), um agente da polícia e um jovem morreram durante manifestações ocorridas em Nampula e em Nacala. Estas mortes não foram ainda confirmadas pelas autoridades que têm admitido, no entanto, que houve feridos e detidos durante as escaramuças.