Membros da Polícia da Zambézia acusados de corrupção
30 de junho de 2015A suspeita que cai sobre a corporação policial foi feita na quarta-feira (24.06.) durante um encontro orientado pelo comandante provincial da Policia da República de Moçambique (PRM), João Mahunguele, com o propósito de encontrar forma para acabar com a criminalidade nesta província moçambicana.
A província da Zambézia está a ser assolada por sucessivos “crimes caraterizados por assassinatos, roubos a residências e assaltos à mão armada”, diz João Mahunguele. O comandante reconhece ter “ficado assustado, uma semana depois de ter chegado” e descreve um assalto que durou “45 minutos” em “plena luz do dia”. O oficial logo percebeu que está “numa cidade muito diferente no ponto de vista de vigilância”.
A policia liberta os criminosos e diz-lhes quem os denunciou
O régulo comunitário, Carlos Sigaro, disse que a corporação policial não está organizada, muito menos a própria liderança comunitária. Isto porque, quando os líderes comunitários encontram criminosos, mandam-los para a esquadra mas, em menos de uma semana, os criminosos são libertados e voltam a ameaçar de morte a pessoa que os denunciou. “Nós às vezes conseguimos denunciar os maldosos”, declara Carlos Sigaro, “mas a polícia acaba por os libertar e diz-lhes quem os denunciou”, conclui o líder provincial.
O régulo comunitário do segundo escalão, Júlio Juenta, refere que “há muitos polícias que fazem muito pouco e recebem valores monetários dos ladrões para os defender, quando a população os entrega à policia.”
Na sua opinião, os agentes deviam circular nos bairros onde os crimes
violentos ocorrem, sobretudo à noite, ao invés de apenas circularem no centro da
cidade onde há mais iluminação. Juenta é da mesma opinião de Carlos Sigaro: “Após a detenção do criminoso, o problema volta para o líder da comunidade”, comenta o régulo comunitário à DW.
O povo sofre roubos, mortes, injúrias e pancadarias
Por seu turno, o representante da RENAMO, José Armando, reiterou a fragilidade da Policia da República de Moçambique no combate à criminalidade devido ao seu envolvimento em atos de corrupção. Segundo ele, “o combate ao crime não será materializado enquanto a própria policia não deixar de receber dinheiro dos criminosos”. José Armando acredita que “ são as estruturas policiais que provocam a confusão: não há paz, não há sossego. Cada dia que passa o povo sofre roubos, mortes, injúrias e pancadarias.”
O comandante provincial da PRM, na Zambézia, admitiu a existência de membros da polícia associados a criminosos. O oficial entende que o seu coletivo deve ser “purificado através de investigações para detetar quem são os polícias que colaboram com bandidos”.