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Comdante "Manecas" detido pela PJ da Guiné-Bissau

Lusa | ar
19 de junho de 2017

O comandante guineense Manuel "Manecas" dos Santos foi detido pela Polícia Judiciária na Guiné-Bissau.

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Manuel dos Santos (Manecas), Mitglied der PAIGC
Foto de arquivo: "Manceas" Santos (1971)Foto: casacomum.org/Documentos Amílcar Cabral

O comandante guineense Manuel dos Santos foi detido esta segunda-feira (19.06.) pela Polícia Judiciária na Guiné-Bissau, informou à agência Lusa fonte daquela polícia. 

"Foi detido hoje cerca das 11:30, na clínica Madrugada, em Antula", afirmou a PJ.

Segundo a mesma fonte, "Manecas" dos Santos está detido nas instalações da Polícia Judiciária no Bandim, em Bissau. 

O veterano da luta armada pela independência da Guiné-Bissau tinha sido ouvido, há cerca de um mês, pelo Ministério Público, na capital guineense, para esclarecer as suas declarações sobre a iminência de um golpe de Estado no país. 

Na ocasião, acompanhado do advogado e de alguns militantes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), "Manecas" dos Santos disse ter reafirmado perante os magistrados o que é "apenas uma opinião".

"O meu depoimento correu muito bem, eu reafirmei aquilo que tinha a reafirmar. Acabou aí", afirmou "Manecas" dos Santos, que enalteceu a postura dos magistrados que o ouviram.

Em entrevista ao jornal português Diário de Noticias, no passado mês de abril, "Manecas" dos Santos defendeu ser possível que venha a acontecer um novo golpe militar na Guiné-Bissau devido à situação de impasse político que se vive no país há cerca de dois anos.

 O advogado Carlos Pinto Pereira explicou, então, aos jornalistas que "Manecas" dos Santos foi ouvido na qualidade de denunciante e não de suspeito e que saiu do Ministério Público sem qualquer medida de coação.

PAIGC responsabiliza PR da Guiné-Bissau pela prisão de “Manecas” O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, responsabilizou hoje o Presidente guineense, José Mário Vaz, pela prisão do veterano da luta pela independência, "Manecas" dos Santos.

Guinea-Bissau Domingos Simões Pereira, Vorsitzender PAIGC
Domingos Simões PereiraFoto: DW/F. Tchumá

"Primeiro, é a concretização de uma ameaça que havia sido feita. O Presidente da República referiu-se claramente na receção que deu a uma entidade da sociedade civil, que o problema era a minha 'entourage', pessoas tidas como próximas de mim, e que provavelmente seriam objeto da próxima carga. Estamos perante esse facto", afirmou Domingos Simões Pereira.
 
"O comandante Manecas foi detido numa clínica. Portanto, o seu estado de saúde, a garantia da sua condição de vida não pesou na decisão de o prender. Temos indicações, que ainda conseguimos comprovar, mas temos dados que estão a ser analisados, que dão conta que o diretor da clínica teria sido convocado à PJ e que depois de horas de interrogatório terá recebido indicações de declarar alta do comandante para ser preso", sublinhou Domingos Simões Pereira.

Silenciar um adversário Para o presidente do PAIGC, a prisão de Manecas dos Santos constitui um processo de natureza política, visando silenciar um adversário.

Demonstration in Bissau
Foto: DW/F. Tchuma

"Tudo isto configura exatamente a ameaça que o Presidente da República já tinha feito, dizendo que os que são da sua oposição, aos que ousam ter uma opinião diferente do Presidente da República, ele reservava-se ao direito de prender, de torturar, de matar se for necessário", disse Domingos Simões Pereira.

O presidente do PAIGC disse também que ao mandar deter Manecas dos Santos, o Presidente guineense estará a tentar adiar a convenção do partido, que se vai realizar entre quinta-feira e sábado (22 e 24.06.) em Bissau. 

 O PAIGC já informou as entidades da comunidade internacional sobre o sucedido sem esperar que estes interfiram com a decisão da justiça, mas para terem em conta o estado de saúde de Manecas dos Santos, frisou Simões Pereira.

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