Polícia turca detém 24 mulheres em marcha contra a violência
27 de novembro de 2022A polícia de choque cercou os manifestantes na esplanada portuária do bairro de Kadiköy, impedindo-os de ler um manifesto e efetuando 24 prisões, relata a edição eletrónica do jornal Cumhuriyet.
Entre os detidos estão a secretária-geral da associação progressista turca de mulheres IKD, Nuray Yenil, e a presidente do partido comunista TKH, Aysel Tekerek, disse o jornal.
O Ministério do Interior tinha proibido a marcha, argumentando que se corria o risco de "provocar uma reação social, violar os valores nacionais e morais e perturbar a paz social e a ordem pública", conforme denunciou na rede social Twitter uma das associações que organizaram a marcha, o grupo Women's Parliament.
Na sexta-feira (25.11), dia da efeméride, a polícia também dispersou uma manifestação feminista em Istambul, isolando várias ruas centrais ao redor da Avenida Istiklal com barricadas.
Os protestos também decorreram na sexta-feira e no sábado noutras cidades turcas, estando em curso ainda outras, hoje, em Antalya, no sul, e Bingöl, no leste da Anatólia.
Nos primeiros 10 meses do ano, 280 mulheres morreram às mãos de homens em contextos de violência sexista, um número muito semelhante ao de outros anos neste país de 85 milhões de habitantes.
No ano passado, segundo uma contagem da revista Bianet, 339 mulheres morreram nas mãos de homens, sendo que em 62% dos casos o assassino era o próprio companheiro.
Segundo essa contagem, 11% das mortes foram cometidas por um parente direto, enquanto outros 7% foram referentes a homicídios por um conhecido próximo.