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População da Tanzânia teme exploração de urânio

Ute Schaeffer16 de dezembro de 2011

A Tanzânia exporta diamantes, ouro e a pedra preciosa tanzanite. Também quer explorar urânio. Mas a população, pobre, não participa das decisões sobre a exploração, teme seus efeitos negativos e se sente abandonada.

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Tansania Landwirtschaft
Massai com rebanho próprio na Tanzânia; exploração de urânio pode desapropriar pastores e agricultores no paísFoto: picture alliance/robertharding/T. Graham

A riqueza dos solos da Tanzânia, país oriental africano, inclui diamantes, a rara pedra preciosa tanzanite e ouro. A Tanzânia é o quarto produtor de ouro do continente africano. Só em 2010, as exportações resultaram em mais de 1,5 mil milhões de dólares para o país. Mas os tanzanianos não percebem muito desses lucros, segundo a Deutsche Welle apurou no país.

Muitos cidadãos temem que o mesmo aconteça com o urânio, que deverá ser explorado na Tanzânia a sério a partir do ano que vem. Observadores e habitantes locais ouvidos pela DW na região sul do país também dizem que a população não recebe informações sobre o efeito negativo da exploração de urânio. Um exemplo: em algumas perfurações de testes, trabalhadores receberam luvas de proteção apenas uma semana depois de iniciados os furos.

Amoso Juma e Mathias Lyamunda, representantes da ONG FEMAPO, diante de buraco de testes para exploração de urânio
Amoso Juma e Mathias Lyamunda, representantes da ONG FEMAPO, diante de buraco de testes para exploração de urânioFoto: DW

Metais pesados e produtos químicos

No continente africano, há vários problemas causados pela exploração de urânio. A mina Rössing, na Namíbia, por exemplo, é uma das maiores do mundo. Também ali o minério é moído em chamados moinhos de urânio, e este é extraído quimicamente em seguida. O processo deixa sobrar uma lama residual que não é só radioativa, mas também contém metais pesados e produtos químicos usados na extração do urânio.

Outro problema, já temido na Tanzânia, é a desapropriação de agricultores e pastores para a exploração de urânio, já que a demanda mundial pelo elemento metálico é expressiva. Apenas para fazer funcionar as centrais nucleares da Alemanha, atualmente, são necessárias cerca de três mil toneladas de urânio.

Faltam quadro legal e recursos para explorar urânio

O deputado tanzaniano Tundu Lissu, do partido oposicionista Chadema, conhece bem o problema. Durante vários anos, Tundu Lissu atuou numa organização ambiental na região de Bahi. "O governo explicou com seriedade que quer começar com a exploração de urânio já em 2012. Este é um problema imenso. Ainda não temos uma política que estipule um quadro legal para se lidar com o urânio. Não temos nem recursos técnicos, nem conhecimento técnico para lidar com as conseqüências", explica.

Ouça no link abaixo o programa Contraste que mostra como a realidade da população bate de frente com a futura exploração de urânio na Tanzânia.