População de Maputo põe "mãos à obra" para combater erosão
Apesar das promessas do governo, em vários bairros da capital moçambicana não tem existido qualquer tipo de ação para combater a erosão. Por isso, os residentes decidiram arregaçar as mangas para proteger as suas casas.
Desde as chuvas de 2000
O bairro da Polana Caniço foi um dos mais afetados pelas chuvas fortes que assolaram o país em 2000. Desde essa data, o bairro apresenta esta enorme cratera, que nunca foi intervencionada pelas autoridades. Os residentes queixam-se da falta de ação dos municípios e lembram que pagam impostos. E, enquanto esperam, tentam travar a erosão como podem.
Conservar a vegetação
A vegetação tem ajudado a travar o avanço deste enorme buraco. A colocação de relva é um dos melhores métodos que as comunidades encontraram para conter a erosão. Mas é também uma das mais difíceis batalhas: alguns transeuntes pisam e estragam a relva.
Lixo
Esta foi outra das gigantes crateras deixadas pelas chuvas de 2000. Num gesto de desespero, a população tenta encher a cratera de lixo para evitar outros males maiores. Preferem que o lixo fique aqui em vez de ser recolhido. O município já apelou à saída dos moradores deste bairro, mas eles dizem não ter outro sítio para viver.
Sacos de areia
É muito comum, depois de chuvas torrenciais, encontrar famílias com pás na mão a encher sacos de areia. Fazem-no para evitar que a chuva carregue o material para a zona baixa. No entanto, este método não costuma durar muito, pois o saco, passado algum tempo, degrada-se, deixando a areia exposta. A areia é o método mais barato, mas também o menos seguro.
Brita e betão
No bairro de Hulene, as famílias desta rua decidiram juntar dinheiro para comprar cimento e pedra brita para fazer uma estrutura de betão. É certamente o melhor método para conter o avanço da erosão, pois a estrutura de betão resiste mais tempo e é fácil fazer a manutenção sempre que necessário. No entanto, é uma ação que requer uma engenharia financeira de grande envergadura.
Entulho
O entulho é o material mais procurado nas grandes obras públicas. O seu preço varia entre os 80 e os 100 euros. Aqui no bairro Ferroviário foram despejadas, no ano 2000, todas estas pedras. E certo é que, até ao momento, as comunidades não sofreram com a erosão.
Casas abandonadas
Depois das cheias, esta casa acabou por ser abandonada. Localizada na zona baixa do bairro de Hulene, a nordeste da capital Maputo, era frequentemente atingida pelo excesso de água proveniente das zonas altas.
Destruição
A residência representada na imagem foi umas das que foi destruída pelas chuvas de 2000. Ainda assim, o aparecimento de algum capim ajudou, até agora, a conter o avanço da erosão.
Bastam degraus nas entradas?
Na zona alta do bairro de Hulene é este o cenário. Os residentes colocaram alguns degraus nas entradas das suas casas, mas não protegeram a rua com a colocação, por exemplo, de sacos cheios de areia. O que faz com que as próximas chuvas intensas possam provocar outros danos.
"Proíbido construir"
Consciente da situação, o munícipio de Maputo acabou por colocar uma placa proibindo a construção nesta área. No entanto, a ordem muitas vezes não é acatada pelas pessoas que preferem fazer investimentos de grande envergadura para a estrutura resistir à força das águas. As famílias que o fazem esperam uma indemnização da edilidade que, muitas vezes, não chega, sendo o seu esforço em vão.