Carlos Vila Nova: "Não se divorciem da democracia"
24 de setembro de 2022"O mundo vive neste momento uma inequívoca onda de descrédito na política e na forma convencional de se fazer política - entre nós também cresce o ceticismo. Algo normal! O que não pode ser normal é negarmos esta realidade e não refletirmos o que cada um deve e pode fazer melhor e diferente. Mas esta reflexão não pode ser feita à custa de nos divorciarmos e abandonarmos a democracia", disse Carlos Vila Nova, numa mensagem à nação na véspera das eleições.
"Felizmente vivemos num país onde podemos votar e onde podemos escolher quem nos governa. Haverá, e temos certamente, muitas imperfeições, mas não renunciemos ao nosso direito e dever que é votar", salientou.
O chefe de Estado são-tomense fez ainda um apelo para que "a calma e a serenidade que todos demonstraram nestes dias de campanha se mantenham e continuem no período pós-eleitoral [...]. Não deixemos que as diferenças nos separem como são-tomenses", pediu.
Violência em 2018
As legislativas de 2018 ficaram marcadas por cenas de violência na capital, no dia após as eleições, com intervenção da polícia de choque sobre um grupo de manifestantes que queimaram o carro de uma juíza que procedia à contagem de votos.
Pela primeira vez, este ano, lembrou o Presidente, também os emigrantes na Europa e em África vão poder eleger deputados (um em cada círculo).
"Estou muito satisfeito com esta novidade, porque sei que os nossos emigrantes partiram, na maioria, por razões económicas, mas continuam cidadãos ativos que querem continuar a ter voz no futuro do seu país", afirmou.
Por outro lado, Carlos Vila Nova recordou que São Tomé e Príncipe "pertence orgulhosamente ao grupo das nações democráticas do mundo" e é "uma referência marcante" no continente africano.
"Temos de prosseguir afincadamente nessa via", sublinhou.
Apoio de países parceiros
Vila Nova destacou ainda o apoio de países parceiros e organizações internacionais para a realização destas eleições, deixando um "agradecimento especial" a Portugal, Japão, Nigéria, França, União Europeia e Nações Unidas.
Dirigiu também um "agradecimento e encorajamento" a todos os envolvidos no processo eleitoral, nomeadamente os membros de mesa, delegados, jornalistas, forças de defesa e segurança, membros e funcionários da Comissão Eleitoral, juízes, magistrados e professores de matemática.
"Vão ser muitas horas e uma grande responsabilidade", disse.
Oposição
Na oposição, a Ação Democrática Independente (ADI), partido mais votado em 2018, volta a candidatar-se com o líder e ex-primeiro-ministro, Patrice Trovoada.
Por sua vez, a presidente do Partido Verde são-tomense e única mulher candidata a chefe do governo nas eleições de domingo, Elsa Garrido, apelou ao voto das mulheres para ser eleita ao parlamento e "ter mais força".
No total, 11 partidos e movimentos, incluindo uma coligação, concorrem às eleições legislativas deste domingo.
A Comissão Eleitoral Nacional são-tomense anunciou hoje que 123.301 eleitores são-tomenses votam em 309 mesas de voto, distribuídas no território nacional e na diáspora, para as eleições legislativas, regional e autárquicas de domingo.
Dos 123.301 eleitores, 108.609 estão inscritos em São Tomé e Príncipe e 14.692 estão inscritos nos 10 países da diáspora onde os são-tomenses votam pela primeira vez nas eleições legislativas.
Os números foram apresentados hoje aos membros das missões de observação eleitoral que se encontram no país durante um encontro que teve lugar na parlamento são-tomense.