Presidente da Turquia marca eleições para 14 de maio
10 de março de 2023"Assinei o decreto para realizar no dia 14 de maio as eleições que deveriam ter lugar em 18 de junho de 2023", disse Erdogan durante um discurso transmitido pela NTV.
"Amanhã [sábado], uma vez publicado o decreto no jornal oficial do Estado, começa o processo eleitoral, que dura dois meses. A nossa nação irá às urnas no dia 14 de maio para eleger tanto o presidente como os deputados", disse Erdogan, citado pela agência espanhola EFE.
Erdogan recordou que já tinha anunciado em janeiro que iria antecipar as eleições para maio, mas referiu que os terramotos de 06 de fevereiro, em que morreram mais de 47 mil pessoas na Turquia, tinham paralisado o processo.
Lembrou que a antecipação das eleições visa não coincidir o processo com a peregrinação muçulmana Haji, com um exame de admissão à universidade e com o início da época de férias de Verão.
Erdogan sempre deixou clara a sua intenção de se candidatar à reeleição, apoiada pelo seu partido, o islamista AKP, que governa a Turquia desde 2002, e o ultranacionalista MHP.
Kemal Kilicdaroglu candidato da oposicação
A oposição, constituída principalmente pelo Partido Popular Republicano (CHP, centro-esquerda e secularista) e a IYI nacionalista, nomeou na segunda-feira um candidato consensual, o líder da CHP, Kemal Kilicdaroglu, de 74 anos.
Quatro partidos mais pequenos de orientação liberal, islamista e conservadora também apoiam Kilicdaroglu.
Ainda não está claro se o terceiro partido no parlamento, o HDP de esquerda, pró-curdo, que normalmente obtém cerca de 10 por cento dos votos, vai nomear um candidato próprio ou se apoiará Kilicdaroglu.
Sondagens
As sondagens mais recentes mostram Kilicdaroglu como o vencedor, com cerca de 55% dos votos, enquanto Erdogan obteria entre 43% e 45%, segundo a EFE.
As sondagens publicadas pela imprensa pró-governamental também colocam a quota de Erdogan neste nível, embora mostrem a divisão da oposição entre vários candidatos do campo social-democrata.
Erdogan, 69 anos, governa a Turquia desde 2003, primeiro como primeiro-ministro e como Presidente desde 2014, mas as eleições deste ano poderão ser o seu maior desafio.
Efeitos do dos terramotos
O país debate-se com uma economia conturbada, com uma inflação crescente e com as consequências dos terramotos que afetaram 11 províncias do país.
Além das vítimas mortais, os sismos de fevereiro levaram a que dois milhões de pessoas saíssem das regiões afetadas e ainda que um milhão e meio sobrevivessem em tendas desde então.
Erdogan anunciou hoje que o seu partido só aceitará candidatos parlamentares que tenham feito uma doação à AFAD, o serviço nacional de emergência que coordena a assistência às vítimas dos sismos, e apelou para que outros partidos sigam o exemplo.
O Presidente turco elogiou a resposta da sua administração à tragédia e prometeu reconstruir as regiões afetadas.
"Estamos determinados a trabalhar sem parar até criarmos novos espaços de vida, seguros e pacíficos para os nossos 3,5 milhões de pessoas", afirmou, segundo a agência turca Anadolu.
O Conselho Supremo Eleitoral irá agora determinar o calendário eleitoral.
Uma segunda volta das eleições presidenciais terá lugar em 28 de maio, se nenhum dos candidatos obtiver mais de 50% dos votos.
"Que a nossa decisão de renovar as eleições seja benéfica para o nosso país, a nossa nação, a Grande Assembleia Nacional Turca e os nossos partidos políticos", disse Erdogan após ter assinado o decreto, citado pela agência norte-americana AP.