Presidente deposto do Gabão em liberdade, dizem militares
7 de setembro de 2023Ali Bongo Ondimba está "livre para se movimentar dado ao seu estado de saúde", afirmou o coronel Ulrich Manfoumbi, porta-voz do comité de transição. "Ele pode, se quiser, ir para o exterior para fazer os seus exames médicos", acrescentou.
O estado de saúde do Presidente deposto não foi imediatamente clarificado. Em finais de 2018, Ondimba sofreu um derrame que o afastou das suas funções durante meses.
A televisão local, Gabon24, divulgou imagens de uma reunião na quarta-feira (06.09) entre Ondimba e Abdou Abarry, representante da ONU para a África Central. "Eu encontrei-o de boa saúde", disse Abarry após a sua reunião com o Presidente deposto.
Ondimba, de 64 anos, foi deposto a 30 de agosto numa altura em que há um ressurgimento de golpes de Estado nalgumas regiões de África e pouco depois de ter sido declarado vencedor de uma eleição que teria ampliado o poder da sua família. Sucedeu ao pai em 2009.
Novo primeiro-ministro
A junta militar golpista nomeou, esta quinta-feira (07.09), Raymond Ndong Sima, como o novo primeiro-ministro interino do país. Ndong Sima, de 68 anos, é um opositor proeminente no país, que já desempenhou o cargo de primeiro-ministro entre 2012 e 2014, antes de concorrer contra Ali Bongo Ondimba nas eleições de 2016 e 2023.
Esta semana, o líder militar recém-empossado do país, o general Brice Nguema, reuniu-se com as autoridades regionais e locais, prometendo melhores infraestruturas e uma transição política pacífica. Nguema assegurou que vai devolver o poder ao povo, organizando eleições transparentes e credíveis, embora não tenha avançado datas para a transição.
ONU quer apoiar regresso à ordem constitucional
As Nações Unidas ofereceram hoje apoio à transição política de regresso à ordem constitucional no Gabão, após o representante da ONU para a África Central, Abdou Abarry, ter-se encontrado com o general Brice Nguema.
"Exprimi ao Presidente de transição o acompanhamento do sistema das Nações Unidas, assim que conhecermos o roteiro, o calendário e a nomeação do Governo", declarou Abarry, em Libreville, a capital do Gabão. Quando o processo de transição estiver esclarecido, as agências da ONU "estabelecerão os contactos necessários e continuarão a apoiar o Gabão", anunciou.
Abarry sublinhou ainda que, "por princípio, as Nações Unidas, tal como outras organizações internacionais, condenam as mudanças inconstitucionais de poder" e "apelam ao regresso à ordem constitucional normal".
Segundo o representante da ONU, o país é uma peça-chave para a estabilidade da África Central.