Presidente guineense procura soluções para a crise
25 de janeiro de 2016Depois de duas semanas de impasse no Parlamento e de vários apelos, o Presidente da República guineense iniciou auscultações para tentar resolver a crise política. Esta segunda-feira (25.01), José Mário Vaz reuniu-se com organizações da sociedade civil, incluindo plataformas de mulheres e líderes juvenis.
Em nome das organizações, Nelvina Barreto, coordenadora do Miguilam - Movimento Mindjeris di Guiné No Lanta (Mulheres, ergamo-nos), afirmou que José Mário Vaz quer ver a crise resolvida num "quadro de diálogo", para que a paz seja mantida.
O chefe de Estado "diz que vai utilizar a sua magistratura de influência para chamar à razão os atores políticos e mostrar-lhes a necessidade de aprofundarem o diálogo entre si e resolverem os diferendos a nível das instituições a que pertencem."
Ainda segundo José Mário Vaz, citado por Barreto, "o recurso aos tribunais deveria ser em última instância, quando o diálogo político chega aos seus limites."
"Qual o interesse de pôr povo a sofrer?"
Nesta terça-feira, o chefe de Estado reúne-se com os partidos políticos com e sem assento no Parlamento. Vicente Fernandes, líder do Partido da Convergência Democrática (PCD), com assento parlamentar, suspeita que o Presidente se esteja a preparar para dissolver a Assembleia Nacional.
"Já havia um decreto do Supremo Tribunal que definiu claramente as regras do jogo em termos de governação", salienta Fernandes. "Se se disse que é o partido maioritário [que deve governar], para que estamos num processo de audição? Pode-se presumir ou suspeitar que há uma intenção deliberada de abater este Governo. Qual é o interesse? Qual a razão de as pessoas estarem constantemente a pôr este povo a sofrer e a chorar?"
"Tentativa de golpe institucional"
O PCD integra uma aliança com quatro outras formações políticas - o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a União para a Mudança (UM), o Partido da Unidade Nacional (PUN) e o Movimento Patriótico (MP).
Este "fórum de concertação" denunciou, na segunda-feira, o que considera ser uma "tentativa de golpe institucional" no país, que deve ser travada.
Em carta aberta, os partidos anunciaram ainda que vão tentar uma ação judicial contra os 15 deputados expulsos do PAIGC e que perderam o seu mandato parlamentar, segundo as deliberações da Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau.
Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, denunciou "um plano de fazer o país mergulhar na insegurança já crescente, atrofiar as estruturas de funcionamento do Estado a favor de entidades privadas ou controladas por terceiros e proteger atos do crime organizado, tais como o tráfico de influência, a lavagem de dinheiro e o narcotráfico."
Os cinco partidos avisaram que a promoção do diálogo e o estabelecimento de compromissos que favoreçam a estabilidade interna não é uma alternativa ao cumprimento escrupuloso das leis guineenses. Prometeram, assim, responsabilizar "política e judicialmente" as entidades e titulares de órgãos que praticarem atos que violem as leis, princípios e regras de Estado democrático.