Primavera Árabe arrebata Prémio Sakharov
27 de outubro de 2011Os vencedores foram apresentados pelo Presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek: "Neste ano o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu vai para cinco representantes da primavera Árabe: o falecido Mohammed Bouazizi da Tunísia, Asmaa Mahfus do Egito, Ahmed al-Subair Ahmed al-Sanussi da Líbia e Rasan Saituneh e Ali Farsat da Síria."
Mohamed Bouazizi, um pequeno comerciante tunisino, morreu com apenas 26 anos. Quando, em dezembro do ano passado, a polícia o maltratou e lhe confiscou a viatura da qual vendia legumes, Bouazizi imolou-se diante da Câmara da Cidade de Tunis. O seu ato desencadeou protestos em toda a Tunísia, que cedo se alastraram para o resto do mundo árabe. Como o Egito.
O “não” à corrupção
No Cairo, a 18 de janeiro, uma jovem mulher colocou-se diante de uma câmaraweb para gritar a sua consternação: "Digo não à corrupção. Digo não a este regime". Asmaa Mahfouz, de 26 anos, colocou o vídeo na rede social facebook na Internet e convocou os seus conterrâneos para as manifestações na Praça Tahir. Centenas de milhares de egípcios saíram à rua para lutar pela liberdade. Mas os protestos na rua custaram a vida a alguns dos seus amigos. O prémio Sakharov, disse por isso à Deutsche Welle, não lhe pertence só a ela: "O prémio foi-me atribuído pela minha coragem. O que me honra. Mas muitos egípcios são muito mais corajosos do que eu. Este prémio pertence-lhes. Tenho orgulho de ser um deles e de viver no Egito".
Também a revolta na Líbia custou a vida a um número de pessoas por determinar. O Parlamento Europeu premiou o dissidente Ahmed al-Zubair Ahmed al-Sanusi, que, aos 77 anos, era o prisioneiro político líbio mais idoso. Al-Sanusi passou 31 anos nos calabouços de Muammar Kadhafi, uma grande parte dos quais em prisão solitária. Mas hoje é um líder político entre os rebeldes.
A Síria por libertar
A Líbia acaba de celebrar a sua libertação. A Síria ainda está longe disso, lamentam os dois ativistas galardoados. Há meses que a advogada Razan Zaitouneh vive na clandestinidade. No seu blogue, relata os casos de violação sistemática dos direitos humanos por parte das autoridades sírias e contabiliza os desaparecidos. A advogada quer que o Presidente, Bashar al-Assad, seja entregue ao Tribunal Penal Internacional.
As caricaturas do sírio Ali Farzat são críticas contundentes do regime. O que teve consequências amargas. As imagens de Farzat no hospital com ferimentos na cabeça e as mãos partidas chocaram o mundo. O motivo do ataque foi uma caricatura que mostrava o Presidente al-Assad com a bagagem à beira da estrada, pedindo boleia a Mummar Kadhafi.
Autora: Stefanie Duckstein
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha