Primeiro-ministro do Mali renuncia ao cargo
19 de abril de 2019Soumeylou Boubèye Maïga não resistiu à pressão popular. A capital maliana, Bamako, viveu grandes protestos nas ruas nos últimos dias, devido à violência armada no país que já fez mais de 260 mil deslocados.
O caso de violência mais recente aconteceu em Ogossagou, com a morte de cerca de 160 pessoas numa aldeia remota junto à fronteira com o Burkina Faso.
Em comunicado oficial, o chefe do governo demissionário não informa os motivos da renúncia apresentada na quinta-feira (18.04).
O Presidente maliano, Ibrahim Boubacar Keita, aceitou a demissão e disse, em nota oficial, que nomeará um sucessor "em breve”.
No Mali, 3,2 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária, advertiu no início do mês o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
O incidente mais grave a manchar a história do país nos últimos anos aconteceu no dia 23 de março na cidade de Ogossagou, em Mopti, onde uma milícia formada por caçadores donso, de etnia dogon, assassinou 160 habitantes peuls de uma aldeia.
A instabilidade que afeta o Mali começou com o golpe de Estado de 2012, quando grupos tuaregues rebeldes, apoiados por organizações jihadistas, tomaram o controlo do norte do país durante dez meses.
Os jihadistas foram teoricamente expulsos em 2013, graças a uma intervenção militar internacional liderada por França, mas extensas áreas do país, sobretudo do norte e do centro, continuam a escapar ao controlo estatal.
Pelo menos 87.000 civis viram-se obrigados a deixar as suas casas no norte e no centro do Mali nos primeiros três meses deste ano para fugir da violência que sacode estas regiões africanas.
O Mali transformou-se também numa área perigosa para os soldados das Nações Unidas. Pelo menos 119 "capacetes azuis" morreram e outros 397 ficaram feridos em ataques de grupos violentos desde 2013.