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Professores e técnicos de saúde protestam em Bissau

Iancuba Dansó (Bissau)
27 de setembro de 2022

Milhares de professores e técnicos de saúde protestaram frente ao Palácio do Governo. Os profissionais exigem o pagamento de salários em atraso e a admissão de novos quadros. E ameaçam com uma nova greve.

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Professores e técnicos de saúde na Guiné-Bissau marcham por melhorias nos seus setores
Sindicatos prometem mais manifestações em breveFoto: Incuba Dansó/DW

"Basta de subsídios milionários, basta de bloqueios aos salários, basta de corrupção", exigiram esta terça-feira (27.09) milhares de professores e técnicos de saúde em frente ao Palácio do Governo, em Bissau.

Foi a primeira manifestação de rua permitida no país, em mais de um ano.

As autoridades têm impedido várias iniciativas do género, alegando falta de autorização para os protestos ou justificando com o estado de emergência por causa da pandemia da Covid-19. Em vários casos, houve registo de violência contra os promotores das manifestações por parte das forças policiais.

De regresso às ruas do centro de Bissau, esta terça-feira, os manifestantes contestaram a decisão do Governo de suspender as admissões nos setores da educação e da saúde. Exigiram ainda o pagamento de salários em atraso.

Governo "não entende"

Falando aos manifestantes, o secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio Mendonça, lembrou que "nenhum país do mundo consegue desenvolver sem educação e saúde".

Mas "quando se tem à frente gente que não entende, esta é a consequência", lamentou.

Sindicatos dos professores e técnicos de saúde protestam em Bissau por melhorias nos seus setores, 27 de setembro de 2022
Professores e técnicos de saúde criticam o fim da admissão de novos quadros, decidido pelo GovernoFoto: Incuba Dansó/DW

De acordo com o dirigente sindical, "não é segredo" que os governantes da Guiné-Bissau "furtam de manhã, à tarde e à noite. Não se preocupam com o povo. É por isso que querem negar a educação e saúde ao povo", concluiu.

Nova greve à vista

Na segunda-feira, o Governo prometeu, no final de uma negociação com os sindicalistas, pagar alguns meses de salários em atraso aos professores e técnicos de saúde. Contudo, os sindicatos agendaram para 10 a 14 de outubro uma greve geral nos dois setores, para exigir o cumprimento do caderno reivindicativo já entregue ao Executivo.

Ioio João Correia, porta-voz da Frente Social, formada pelos sindicatos dos professores e técnicos de saúde, promete que a paralisação vai para a frente caso não haja avanços nas negociações com o Governo. 

A greve "vai depender da dinâmica das negociações, das diligências do Governo e daquilo que os sindicatos acham que é prioridade e essencial para os trabalhadores."

Ioio João Correia, porta-voz da Frente Social
Ioio João Correia: "Achamos que os dois setores têm pontos essenciais [no caderno reivindicativo], mas [a greve] vai depender da dinâmica das negociações"Foto: Incuba Dansó/DW

Na Guiné-Bissau, a educação e saúde garantiam emprego direto aos recém-formados, como forma de suprir as dificuldades nos dois setores. Mas no final de agosto, o Governo decidiu parar as novas admissões nas duas áreas.

Para o sociólogo Ivanildo Bodjam, é preciso lidar com o problema de outra maneira, porque o Estado tem de responder à procura de trabalho na saúde e na educação, dois setores vitais, com falta de quadros.

Bodjam pede ao Estado que comece a pensar em "políticas públicas concretas", sobretudo para as áreas de saúde e educação. "Assiste-se hoje à pressão da massa jovem em relação à necessidade de enquadramento no aparelho de Estado, e isso tem que alinhar com a política de enquadramento na função pública", comenta o sociólogo.

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