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Parlamento Moçambicano chumbou projeto da RENAMO

Leonel Matias (Maputo)7 de dezembro de 2015

O Parlamento moçambicano chumbou esta segunda feira (07.12) um projeto de lei da RENAMO, maior partido da oposição, que sugeria que os governadores passassem a ser propostos pelas assembleias das respetivas províncias.

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Parlamento de Moçambique
Parlamento de MoçambiqueFoto: Getty Images/AFP/A. Barbier

O projeto de revisão da Constituição da República tinha por objetivo acomodar uma exigência da RENAMO, Resistência Nacional Moçambicana, para que os governadores passassem a ser propostos pelas assembleias das respetivas províncias, nomeadamente nas que a RENAMO reivindica vitória nas última eleições autárquicas.

A RENAMO defendeu ainda que esta seria uma alternativa com vista a ultrapassar a atual crise pós-eleitoral, na sequência da contestação dos resultados das últimas eleições gerais por parte da oposição.

José Manteigas, porta-voz do Conselho Nacional da RENAMO, frisou a ideia de que a proposta tinha em vista contribuir para a descentralização dos poderes do Estado, sem afetar a integridade da soberania nacional: “Este ato legislativo visa dotar o país de um quadro jurídico constitucional que se adeque à nossa realidade sócio-política como forma de respeitar a legitimidade emanada pelo povo moçambicano no dia 15 de outubro de 2014”, data das eleições gerais em Moçambique.

José Manteigas, RENAMO
José Manteigas, RENAMOFoto: DW/Arcénio Sebastião

"Projeto de revisão limita soberania interna do Estado"

Já Hélder Njonjo, da FRELIMO, Frente da Libertação de Moçambique, partido no poder, diz que o projeto da RENAMO procura esvaziar os poderes estaduais, limitando a soberania interna do Estado: “Votámos contra porque o projeto pretende que os governadores provinciais sejam propostos ao nível provincial e transfere as atribuições do Estado para as autarquias provinciais”.

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Também o presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e Legalidade, Edson Macuacua, considera que a proposta “está inquinada de inconstitucionalidade e de ilegalidades materiais e insanáveis” e que "as revisões constitucionais, ainda que politicamente necessárias, não devem ser operadas em prejuízo da sistemática, unidade e integridade da Constituição da República pois prejudica-se a unidade e integridade jurídica do Estado”.

A Comissão de Administração pública e poder local recomendou igualmente apreciação negativa do projeto de lei. Lucas Chomera, presidente da Comissão afirma que “a administração pública e poder local entendem que a matéria a rever pontualmente irá inverter toda a organização atual do poder do Estado e da administração territorial”.

MDM e RENAMO votam a favor e FRELIMO contra

Por outro lado, o deputado Geraldo Carvalho, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), disse que o seu partido votou a favor da revisão da Constituição da República porque “enaltece o debate sobre o aprofundamento do processo de construção do Estado de direito e cria condições para a revisão da Constituição da República. O MDM sempre defendeu e defende a eleição dos governadores”.

Também Ivone Soares, chefe da bancada da RENAMO, insurgiu-se com o facto de alegadamente o partido no poder chumbar todas as propostas feitas pela oposição, não abrindo qualquer espaço para a sua revisão: ”Chumbar o projeto de revisão pontual da Constituição faz parte de uma estratégia que visa empurrar a RENAMO para a guerra. Assim, tentam distrair o povo dos reais problemas do país”.

O projeto de revisão pontual da Constituição da República foi rejeitado por 135 votos da bancada maioritária da FRELIMO, enquanto a RENAMO contou com 73 votos e o MDM com 13, os dois últimos a favor do projeto.

No entanto, foi aprovada uma recomendação para a criação de uma Comissão Ad Hoc no próximo ano para uma revisão global da Constituição, incluindo o aprofundamento de matérias relacionadas com a descentralização.

Mapa de províncias onde a RENAMO ganhou as eleições de 2014
Mapa de províncias onde a RENAMO ganhou as eleições de 2014
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