Promessas de emprego viram burlas em Moçambique
12 de fevereiro de 2018A maior parte dos burlados são jovens recém-formados, à procura do primeiro emprego. Os burlões fazem-se passar por funcionários públicos e prometem empregos no aparelho do Estado e bons salários, a troco de dinheiro. Alguns garantem, até, a admissão imediata em concursos de institutos de formação de professores e no setor da saúde.
Uma das vítimas de burla, falou à DW África na condição de anonimato, conta que, quando terminou a décima segunda classe, contactou um indivíduo que lhe prometeu um bom emprego e regalias aliciantes. Mas acabou por ser enganado.
"Primeiramente, pediram-me cinco mil, depois disse-me que faltava outra coisa e começou a contar várias histórias. Então, aquele valor começou a subir até atingir os 30 mil meticais", conta o jovem.
"Entretanto, levaram os meus documentos, uma cópia da carta de condução, porque me prometaram que iria andar de carro e trabalhar num bom gabinete. Depois, desapareceram. Em relação aos valores, não foram devolvidos até agora. Só sei que o tal indivíduo foi preso."
Dez detidos por burla
As autoridades estão preocupadas com o aumento dos casos de burla e extorsão. A porta-voz do comando provincial da Polícia de Manica, Elsídia Filipe, deixa o aviso: vagas de emprego não se compram. Aos cidadãos, pede que "se distanciem destes corta-matos que acabam muitas vezes por sair caro. Acabam incorrendo numa uma situação de burla, dando dinheiro sem retorno e sem o emprego prometido, que nunca existiu."
Segundo Elsídia Filipe, de 2017 até janeiro de 2018 foram neutralizados dez burlões que causaram centenas de vítimas. Alguns estão já a cumprir pena pelos crimes que cometeram. "O apelo que deixamos é que constitui crime, punível nos termos da lei. Distanciem se deste tipo de comportamento, sob o risco de serem responsabilizados do ponto de vista legal", sublinha ainda a porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica.
Um dos burlões já detido pela polícia, explica como funciona o esquema. "Primeiro, contactei um dos meus amigos aqui na cidade que havia vaga. De facto, ele acabou concordando com a vaga. Ele deu-me dinheiro, cerca de 28 mil meticais (cerca de 370 euros). Esse meu amigo procurou outro amigo dele de confiança, dizendo que eu já consegui vaga. Depois, veio outro, que conversou comigo e recebi mais 19 mil (cerca de 250 euros). E à última pessoa cobrei outro valor. Somando as despesas todas, daria qualquer coisa como 50 mil meticais (cerca de 660 euros)."