Protestos anti-austeridade na Tunísia
15 de janeiro de 2018Na Tunísia, este domingo (14.01) foi marcado por protestos anti-austeridade, no dia em que se assinalou o sétimo aniversário da queda do ditador Ben Ali. Na avenida Habib Bourghiba, em Tunes, centenas de pessoas voltaram a contestar as políticas económicas do governo.
Há mais de uma semana que os tunisinos protestam contra a subida dos impostos e os novos preços, em vigor desde o início de janeiro. De acordo com o Ministério do Interior, cerca de 800 pessoas foram detidas por vandalismo e atos de violência.
No sábado, o Governo tunisino tentou acalmar os ânimos com o anúncio de um novo pacote de medidas de cariz social. O Executivo prometeu aumentar o financiamento das prestações sociais para apoiar 250 mil famílias carenciadas. Os novos apoios incluem ainda cuidados de saúde gratuitos para os desempregados. Mas as medidas não chegaram para travar a contestação.
Crise económica grave
A Tunísia enfrenta uma grave crise económica desde a queda de Ben Ali, em 2011. O país adotou uma nova Constituição e realizou eleições livres, mas os vários governos que se seguiram à queda do ditador não conseguiram equilibrar as finanças do país, abaladas por vários ataques terroristas que prejudicaram o vital setor do turismo.
Em 2015, o Fundo Monetário Internacional concedeu ao país um empréstimo de 2,5 mil milhões de euros, em troca de reformas fiscais, cortes e medidas de austeridade. Porém, a receita não serviu para resolver os problemas estruturais da economia tunisina, marcada pela corrupção e pelo desemprego, que ronda os 15%. A estes fatores junta-se o aumento da inflação, e o empobrecimento de grande parte da população que, sete anos depois do fim do regime de Ben Ali, voltou às ruas para exigir justiça social.
Presidente acredita em solução pacífica
Em novo dia de protestos, o Presidente Béji Caïd Essebsi visitou um dos bairros mais pobres de Tunes, palco de confrontos entre jovens e forças de segurança na semana passada.
Os protestos na capital já fizeram uma vítima mortal e deixaram mais de 100 agentes da polícia feridos, uma situação considerada "inaceitável" pelo chefe de Estado tunisino, que, no entanto, se mostra confiante numa solução pacífica.
"Se eu não tivesse a certeza de que conseguimos sair desta situação de forma pacífica, não interviria", afirmou. "Acredito que podemos sair desta situação sem trazer pessoas de fora. Precisamos de um pouco de paciência e compreensão."
Enquanto o Executivo tenta conter os protestos anti-austeridade, a Frente Popular, principal partido de esquerda na oposição, e outros movimentos sociais, prometem continuar a convocar manifestações, até que o Orçamento do Estado seja revogado.