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Quénia proíbe cremes que branqueiam a pele

Andrew Wasike
21 de fevereiro de 2019

O Quénia proibiu a produção e venda de cremes para branquear a pele. Não é o primeiro país africano a banir um produto extremamente popular mas altamente perigoso. Mas o que pensam as quenianas?

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Foto: Getty Images/AFP/S. Maina

O Quénia é um de vários países africanos a banir cremes de branqueamento da pele. Antes de Nairobi, já a África do Sul, Costa do Marfim, Gana e Ruanda tinham tomado medida idêntica. Tal como em muitos países africanos, também no Quénia a indústria de produção dos cremes é um negócio de monta, que emprega milhares de pessoas.

Num breve passeio pelas ruas de Nairobi veem-se numerosas vendedoras que apregoam o creme para quem deseja um tom de pele mais claro e, afirmam, atraente. As próprias vendedoras ostentam na pele o resultado dos seus produtos.

Em muitos países africanos prevalece a noção de que a pele branca é mais bonita do que a pele escura.

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A atriz queniana Lupita Nyong'o, que ganhou um Óscar em 2014, rejeita o branqueamento da peleFoto: Reuters

A DW interpelou cidadãs quenianas para ouvir o que dizem sobre a ilegalização dos cremes altamente populares. As opiniões divergem: "Apoio esta medida do Governo, porque os produtos são cancerígenos. Podem causar cancro ou problemas na pele a longo prazo. Países como o Ruanda já os baniram. Já era tempo de serem proibidos no nosso país. É uma medida positiva que eu aprovo totalmente”, disse uma cidadã.

Um perigo para a saúde

Mas outra queniana respondeu: "Não apoio a proibição porque tanta gente vai perder o emprego. Trata-se de um negócio importante para muitas senhoras que trabalham com produtos de beleza”. E esta cidadã considera que a proibição viola os seus direitos: "Agora o Estado deu em controlar decisões privadas dos cidadãos. Quem usa os produtos está ciente das possíveis consequências. O Governo deve regular a indústria e não proibir os cremes. Tenho o direito de não gostar da cor da minha pele e querer um tom diferente, porque acho que é mais bonito”.

As ruas do Quénia estão cheias de a publicidade a cremes de branqueamento, com imagens de modelos de pele clara a promover uma noção deturpada de beleza.O cidadão comum segue o exemplo de celebridades como a cantora e atriz Vera Sidika, que admite abertamente clarear a pele. Mas outras estrelas, como a atriz Lupita Nyong'o, resistem à moda. E a pele escura de Nyong'o não a impediu de ter enorme sucesso a nível mundial.

Quénia proibe cremes que branqueiam a pele

A Organização Mundial de Saúde (OMS) chegou à conclusão que elementos contidos nos cremes de branqueamento são responsáveis por várias doenças, danificando o fígado, os rins ou os nervos, provocando psicoses, cancro, depressão, doenças da pele e anomalias em recém-nascidos.

Mas no Quénia há muita gente que acha que a proibição dos cremes não funcionará enquanto a pele clara for associada a maior beleza.

 

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