Os temas dominam o debate eleitoral na Alemanha?
21 de setembro de 2021As eleições federais na Alemanha ocorrem este domingo (26.09). Ao final do pleito legislativo, a Alemanha conhecerá o sucessor ou a sucessora da atual chanceler Angela Merkel, que deixará o Governo alemão após 16 anos. Milhares de eleitores já estão a votar por correio. Os alemães elegem novos parlamentares, e o Bundestag [o Parlamento da Alemanha], por sua vez, elegerá o chanceler.
O candidato do Partido Social-Democrata (SPD, na sigla em alemão), Olaf Scholz, foi considerado o vencedor do terceiro e último debate televisivo antes da votação este domingo (19.09).
Segundo uma sondagem realizada logo após o debate, 42% dos telespectadores consideraram que Scholz foi o que teve melhor desempenho, seguindo-se o candidato da União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão), Armin Laschet, com 27%, e finalmente Annalena Baerbock, candidata do Partido Verde, com 25%.
O centro do debate
Os eleitores alemães estão preocupados com o futuro do planeta e dizem que é hora de agir. Ye-One Rhie concorre a um lugar no Parlamento da Alemanha e defende que se "as pessoas têm saído às ruas para protestar” é "porque querem uma nova política para combater as mudanças climáticas”. A candidata pela cidade de Aachen também ressalta a necessidade de oferecer ajuda aos mais vulneráveis.
Deputado desde 2017, Oliver Krischer, de 52 anos, quer mais um mandato no Bundestag e tenta convencer os jovens sobre os impactos das alterações climáticas. Krischer é um dos cinco vice-líderes do grupo parlamentar dos Verdes, partido que apoia Annalena Baerbock. "Acho que ela vai ganhar, porque os eleitores alemães querem proteger o clima e isto é exatamente o que está no nosso projeto.”
As campanhas têm correspondido ao que é discutido nas ruas. O eleitorado clama pela mudança da política no combate às alterações climáticas, segundo Mara Mendes, filha de pais portugueses. Ela acredita na vitória do candidato do SPD e espera "uma política mais sustentável”.
Migração na agenda política
Apesar de esta ser a principal temática em discussão, os imigrantes gostariam que fosse debatido também o racismo e a integração dos que escolheram Alemanha para viver.
Nelson Santos, angolano a viver há mais de 27 anos em Hamburgo, esclarece que a ocultação desses temas se dá porque o seu debate afugentaria eleitores da extrema direita - um espectro político que cresceu bastante nos últimos tempos. "A tática [dos candidatos] é não falar desses temas no momento para, depois da vitória, levarem a cabo a agenda política de combate ao racismo e ao extremismo", explica.
A guineense Solange Barbosa vive e trabalha em Hamburgo e espera que as eleições tragam mudanças, apesar de Merkel ter sido uma "boa chanceler para comunidade africana na Alemanha”.