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Queda das bolsas chinesas terá consequências para África?

Philipp Sandner / Bettina Riffel29 de julho de 2015

As bolsas de Xangai e Shenzen passaram nos últimos dias por um momento difícil. Também África ficou em alerta com a queda destes mercados, já que a China é um importante parceiro económico para muitos países africanos.

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Foto: Reuters

As bolsas de Xangai e Shenzen voltaram a estar em terreno negativo. Um pouco por todo o mundo, a forte queda das bolsas desta semana despertou preocupações quanto ao "estado de saúde" da segunda maior economia mundial. Incluindo em África. "A China investe bastante no continente africano e é um importante parceiro comercial", diz o economista Birasa Nyamulinda, do Ruanda.

Nos últimos anos, as relações económicas entre a China e o Ruanda intensificaram-se, com investimentos nos setores agrário e energético ou na construção civil. "Se o problema na China persistir, afetará definitivamente os países africanos."

Por enquanto, os negócios com a China continuam bem, diz Nyamulinda. "A China não impõe restrições comerciais, de modo que está a investir nos países africanos". As condições de trabalho também são propícias para muitos países em desenvolvimento, lembra. "No que diz respeito a negociações, eles também estão abertos. Recebem, mas também dão. As taxas de juros nos seus bancos são baixas se comparadas com outras partes do mundo", explica o economista.

Relações Tanzânia-China

O mesmo acontece com a vizinha Tanzânia. As relações deste país com a China remontam à década de 60. Depois da independência da Tanzânia, Pequim investiu em força no país africano - muito mais que noutros países, diz o professor universitário Mpoki Mafwenga.

"Desde aquela época, foram iniciados mais de 100 projetos de longo prazo, no valor de aproximadamente dois mil milhões de dólares". Um deles é o mega-projeto de infraestruturas da linha de caminhos-de-ferro "Tazara", que liga a Tanzânia à Zâmbia.

Tazara Railway Sambia
Linha de caminhos-de-ferro "Tazara" liga a Tanzânia à ZâmbiaFoto: cc-by-sa-Jon Harald Søby

A relação da Tanzânia com Pequim também tem um contexto político: O ex-Presidente tanzaniano Julius Nyerere estabeleceu no país uma espécie de socialismo africano, algo que agradou à China. Por isso, hoje a Tanzânia não só importa máquinas e produtos eletrónicos dos chineses, mas também exporta madeira, couro e produtos de origem animal, entre outros.

Sem motivos para preocupações

Pensando no futuro, a China e a Tanzânia assinaram inclusivavamente um acordo de investimentos bilaterais, em março de 2013. Esse é um dos motivos pelos quais a Tanzânia não se deixa afetar pela recente queda na bolsa de valores de Xangai, explica Mafwenga.

"A China é um país que nos últimos tempos cresceu muito rapidamente. Mas, quando um país se estabelece assim no mercado internacional, precisar de ter em consideração de que forma os seus problemas poderão afetar outros países. Porque com essa rapidez, muitas vezes é difícil garantir a estabilidade do próprio mercado."

Na opinião do académico, as perdas não passam de "um fenómeno temporário que pode ser corrigido se a China se coordenar com os países do bloco Ásia-Pacífico". Ainda segundo Mpoki Mafwenga, seria errado tirar conclusões precipitadas baseadas nos últimos acontecimentos na China.

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Da mesma forma pensa o economista ruandês. Para ele, os países africanos deveriam, em primeiro lugar, esperar para ver como a situação se irá desenrolar, antes de reagir e procurar novos parceiros comerciais.