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Quelimane: Campanha contra Covid-19 acaba em confusão

30 de abril de 2020

Vendedores da cidade de Quelimane, no centro de Moçambique, revoltaram-se contra campanha da autarquia para o uso de máscaras contra a Covid-19. Comerciantes recusam-se a pagar as máscaras.

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Mercado de QuelimaneFoto: DW/M. Mueia

A cidade de Quelimane, capital da província da Zambézia, começou esta quinta-feira (30.04) a operação "Máscara na Face" contra a pandemia da Covid-19. Mas a campanha no mercado central terminou em confusão - dezenas de vendedeiras revoltaram-se contra as autoridades.

O problema: o facto de as máscaras estarem a ser vendidas por comerciantes ambulantes. Cada uma custa no máximo 70 meticais, o equivalente a quase 1 euro. As vendedeiras dizem que não têm dinheiro para comprar as máscaras e esperam que as mesmas sejam distribuídas gratuitamente pela edilidade.

Máscaras gratuitas. Para quando?

"Eles pagaram aos alfaiates para produzirem máscaras para a população. Agora eles estão a vender as máscaras? Há outros pobres que não têm dinheiro para comprar máscara. Eu não tenho máscara e não tenho dinheiro para comprá-la", afirmou uma vendedeira ouvida pela DW África.

A vendedeira explicou que não pode ficar em casa de quarentena, porque não tem o que comer.

Mosambik Coronavirus Abrao Macete
Abrão Macete, responsável da campanha "Máscara na Face"Foto: DW/M. Mueia

O diretor da campanha de sensibilização contra o novo coronavírus em Quelimane, Abrão Macete, lamenta a situação ocorrida no mercado.

"Hoje fomos ao mercado central para podermos auferir o nível do cumprimento das medidas de prevenção do novo coronavírus e detetámos que há uma forte resistência do pessoal que está a vender o milho. Eles não querem usar a máscara alegando que não têm dinheiro para comprá-la."

Macete diz que as autoridades vão delinear novas estratégias para sensibilizar os comerciantes.

Vendedores têm mais queixas

Entretanto, os comerciantes relatam outros problemas. Humberto Custema conta que "há pessoas que estão a sofrer de problemas respiratórios, pneumonia" e não podem usar máscara.

As autoridades deveriam encontrar uma solução para esses casos, afirma, mas "o nosso Governo só sabe abanar as pessoas."

Além deste comerciante, outros preferem guardar a máscara no bolso e usar de vez em quando. "Saí agora de casa e estava a comer. Vou usar a máscara daqui a nada", garantiu um deles.

Autoridades ameaçam com uso de força

A operação "Máscara na Face" iniciou e terminou em poucas horas devido à resistência dos vendedores, mas as autoridades garantem que vão retomar a campanha nos próximos dias no mercado - e ameaçam usar a força. A polícia adiantou que, quem não obedecer às regras de prevenção da Covid-19, terá o seu produto recolhido.

Apesar da resistência de alguns comerciantes, muitos estabelecimentos obedecem às regras de higiene básicas obrigatórias, colocando à disposição baldes com água e sabão logo à entrada para que os clientes possam lavar as mãos antes de entrarem no estabelecimento.

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