Centro de acolhimento sobrelotado em Quelimane
20 de outubro de 2017Começou a funcionar há poucos meses, no entanto, o Centro Aberto de Quelimane, já não tem comida suficiente para alimentar os idosos e as crianças carenciadas que lá se encontram abrigadas.
Em entrevista à DW África, a delegada de Género e Ação social da Zambézia, Sebastiana Gemusse, explica que o centro foi erguido com o objetivo de "reduzir o movimento de idosos nas ruas e a mendicidade”. No entanto, a capacidade do Centro prevê o acolhimento de 100 idosos, estando, neste momento, a albergar 500. E a tendência é aumentar. "Não os podemos dispensar”, afirma a mesma responsável, acrescentando que, antes da entrada em funcionamento desta instituição, "dezenas de crianças e idosos faziam-se às ruas para pedir esmola, principalmente às sextas-feiras”.
Na província da Zambézia, é comum os idosos serem rejeitados pelos familiares. Muitas vezes, são acusados de práticas de feitiçaria. Por isso, Sebastiana Gemusse afirma. "Se todos pudéssemos preparar a nossa velhice de maneira a que não tivéssemos que passar pela mendicidade seria muito bom. Parte dos beneficiários do Centro Aberto de Quelimane são portadores de deficiência visual e física”.
Falta de comida
Maria Mondlane é a responsável pelo Centro Aberto de Quelimane e confirma a escassez de meios, principalmente comida. "Temos servido papas e sopa. O chá não nos adianta muito porque o kit de chá é complicado. O mata-bicho intercalamos por semana”, conta Maria Mondlane, acrescentando que, neste momento, a instituição não está a conseguir fornecer o kit habitual, composto por arroz, feijão e farinha. Só temos arroz. Há necessidade de termos parceiros, porque damos só arroz sem o feijão para acompanhar”, afirma.
De acordo com esta responsável, para além do número de carenciados estar cinco vezes acima da capacidade do centro, faltam parceiros para apoiar na distribuição de produtos alimentares. Por semana, acrescenta, faltam grandes quantidades de alimentos. "500 kgs de feijão, de arroz e de farinha por semana podia-nos ajudar. A maioria dos idosos que vêm aqui vivem sozinhos nas suas casas. Temos mulheres chefes de família que não estão a trabalhar”, conclui.