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Quelimane protege orla costeira

12 de junho de 2019

Na cidade de Quelimane o mar já ameaça as casas e autoridades locais já estão no terreno. Edil de Quelimane, Manuel de Araújo, tem estado em contacto com organizações estrangeiras para perceber o que pode ser feito.

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Mosambik Queliname Gefahr durch steigenden Meeresspiegel
Manuel e Araújo, edil de QuelimaneFoto: DW/Marcelino Mueia

É uma ameaça eminente, a situação da erosão costeira na cidade de Quelimane, a capital da província da Zambézia.

Autoridades municipais de Quelimane temem que a cidade seja "engolida" pelas águas do oceano Índico e afluentes do rio dos Bons Sinais, se não forem tomadas medidas urgentes para proteger a costa. O edil Manuel de Araújo, diz que a preocupação maior neste momento é a reabilitação do muro da marginal que protege a cidade das águas que invadem os bairros.

Há bairros da cidade de Quelimane que estão a desaparecer aos poucos e a transformarem-se em grandes superfícies de água salgada, como é o caso de Sangarriveira, Murrupoe, Ivagalane Icidhua e Sampene.

Autoridades e cidadãos preocupados

Manuel de Araújo, o edil de Quelimane manifesta-se preocupado face à situação que o levou a solicitar ajuda de organizações não-governamentais italianas, para que sejam encontrados meios financeiros e técnicos com vista a salvar a cidade da invasão das águas do mar e do rio."Temos estado a participar em vários fóruns internacionais para a apresentação dos desafios que temos e um deles é exactamente a questão da avenida marginal da cidade de Quelimane que corre o risco de um dia acordarmos sem a nossa marginal... E pior do que isso sem o elemento número um da proteção da nossa cidade, o muro. A cidade de Quelimane, é considerada uma ilha, a norte está o oceano Índico e a sul o rio Bons Sinais, com os estuários estendidos até aos bairros periféricos".

Mosambik Queliname Gefahr durch steigenden Meeresspiegel
Muro de proteção - Cidade de QuelimaneFoto: DW/Marcelino Mueia

Muitos moradores de Quelimane já abandonaram alguns bairros e dezenas estão à procura de novos locais para habitarem enquanto permanecem em zonas de risco como é o caso de Angelina Omar, do Bairro Sangarriveira.

"Eu não digo nada, é assim mesmo. Não temos como sair daqui e o governo não nos diz nada..., isso (a erosão) começou há muito tempo".

Uma outra moradora, Joana Domingos ao ser ouvida pela reportagem da DW África lamenta a situação."Estamos muito preocupados com a situação desde 2015... até agora as pessoas vêm aqui e dizem que 'havemos de voltar para consertar o que foi destruído pela erosão' mas até aqui não vimos nada. Antes, as águas eram poucas mas agora muitas casas já foram destruídas. No total foram 8 casas (vizinhas)... Temos medo mas não temos um outro lugar para ficar".

Quelimane: erosão costeira

Para as autoridades municipais, a principal ameaça neste momento é o rio Bons Sinais. O que separa a parte continental e o rio é um muro de betão construído na época colonial e encontra-se atualmente em avançado estado de degradação, ou seja não garante a mínima segurança para a cidade.

Organizações não-governamentais avaliam situação

Uma equipa de ambientalistas da cidade italiana Reggio Emilia, chegou a Quelimane na passada terça-feira (11.06.), para se inteirar da situação e tentar ajudar a edilidade a encontrar soluções concretas para a grave situação em que se encontra a cidade devido à erosão da orla marítima.

Mosambik Queliname Gefahr durch steigenden Meeresspiegel
Steffano CigariniFoto: DW/Marcelino Mueia

Em entrevista à DW África, esta quarta-feira (12.06.) Steffano Cigarini, um dos integrantes da equipa dos ambientalistas italianos, fez o seguinte aviso.

"A situação agora é crítica mas temos tempo para uma intervenção. (A cidade) precisa de infraestruturas e por isso a ideia é trabalharmos em conjunto com o município de Quelimane visando encontrar soluções em termos de políticas locais e depois pesquisar fundos para a implementação das respostas a serem dadas ao problema. É este o trabalho que podemos fazer em conjunto com a cidade de Quelimane".

Um número considerado alto de munícipes da cidade de Quelimane (cerca de 3 mil pessoas), mora nas zonas propensas a inundações. As casas foram construídas nos mangais alegadamente por falta de terrenos adequados para a habitação.