Mercenários russos acusados de explorar recursos em África
7 de outubro de 2022A embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, disse esta quinta-feira (06.10) que os EUA estão preocupados com as ações do grupo Wagner, empresa de segurança próxima do Kremlin que está presente em vários países africanos, ao abrigo de acordos assinados com os respetivos governos.
A diplomata denunciou uma "estratégia de exploração dos recursos naturais da República Centro-Africana, no Mali, no Sudão e noutros países" e assegurou que as ações dos mercenários estão "documentadas" e são "irrefutáveis".
"Os ganhos ilícitos estão a ser utilizados para financiar a máquina de guerra de Moscovo em África, no Médio Oriente e na Ucrânia", disse Linda Thomas-Greenfield, que acusou a empresa mercenária de "explorar" os países, que pagam pelos seus serviços com ouro, diamantes, madeira e outros recursos naturais.
"Os africanos estão a pagar um preço elevado pelas práticas de exploração e violações dos direitos humanos do grupo Wagner", insistiu.
"Estratégia predatória"
Não foram só os EUA que abordaram a questão. O Reino Unido também alertou para o facto de as "empresas militares privadas" estarem a retirar recursos de África e sublinhou a sua "preocupação com as atividades do grupo Wagner" no continente.
A França, por seu lado, apelou à comunidade internacional a prestar mais atenção à "estratégia predatória dos mercenários de Wagner", cuja presença em vários países africanosresponde em parte, segundo Paris, ao objetivo de controlar as minas de ouro e diamantes.
O embaixador da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia, respondeu às alegações, acusando Washington de "raiva anti-russa". Disse ainda que a intervenção da Rússia é apenas "assistência" e lamentou que Thomas-Greenfield tenha levantando a questão do "apoio russo a parceiros africanos".
O caso dos mercenários russos surgiu num debate sobre a forma como grupos armados e terroristas se financiam através do tráfico ilícito de recursos naturais africanos, numa sessão convocada pelo Gabão, que preside ao Conselho de Segurança este mês.