Rússia inicia exercício com armas nucleares táticas
21 de maio de 2024Os exercícios tinham sido anunciados pelas autoridades russas no início deste mês em resposta a comentários de altos funcionários ocidentais sobre a possibilidade de um maior envolvimento na guerra na Ucrânia.
Foi a primeira vez que a Rússia anunciou publicamente exercícios com armas nucleares tácticas, embora as suas forças nucleares estratégicas realizem regularmente exercícios.
Segundo a declaração do ministério russo, a primeira fase dos novos exercícios prevê "treino prático na preparação e utilização de armas nucleares não estratégicas", incluindo os mísseis Kinzhal e Iskander com capacidade nuclear.
As manobras estão a decorrer no Distrito Militar do Sul, que é composto por regiões russas no sul, incluindo a fronteira com a Ucrânia; a Crimeia, ilegalmente anexada à Ucrânia em 2014; e quatro regiões ucranianas que a Rússia anexou ilegalmente em 2022 e ocupa parcialmente.
As armas nucleares tácticas incluem bombas aéreas, ogivas para mísseis de curto alcance e munições de artilharia e destinam-se a ser utilizadas no campo de batalha. São menos potentes do que as armas estratégicas, ogivas maciças que armam mísseis balísticos intercontinentais e se destinam a destruir cidades inteiras.
"Declarações provocatórias"
Os exercícios tinham sido anunciados a 6 de maio, com o Ministério da Defesa a afirmar num comunicado que seriam uma resposta a "declarações provocatórias e ameaças de certos funcionários ocidentais em relação à Federação Russa".
O anúncio foi feito depois de o Presidente francês Emmanuel Macron ter reiterado que não exclui o envio de tropas para a Ucrânia e de o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, ter afirmado que as forças de Kiev poderão utilizar armas britânicas de longo alcance para atingir alvos dentro da Rússia.
O Kremlin classificou estes comentários como perigosos, aumentando a tensão entre a Rússia e a NATO.
No início de maio, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a declaração de Macron e outros comentários de responsáveis britânicos e norte-americanos tinham motivado os exercícios nucleares, classificando os comentários como "uma nova ronda de escalada".