RDC: 34 refugiados burundeses mortos por militares
16 de setembro de 2017Ao menos 34 refugiados do Burundi foram mortos na sexta-feira (15.09) por militares da República Democrática do Congo na província congolesa de Kivu do Sul, afirmou neste sábado Waquara Yunusi, comandante do batalhão paquistanês da missão de paz da ONU na RDC. Segundo Yunusi, 15 das vítimas mortais eram mulheres.
Anteriormente, Josué Boji, chefe de gabinete do ministro do Interior da província do Kivu do Sul, tinha afirmado que 18 refugiados do Burundi foram mortos na sexta-feira no leste da RDC por militares durante "confrontos" entre os dois grupos.
As forças armadas da República Democrática do Congo (FARDC) pretenderam dispersar na sexta-feira em Kamanyola refugiados "disparando para o ar, mas foram atacados com pedras", declarou à AFP Josué Boji, chefe de gabinete do ministro do Interior da província do Kivu do Sul.
Um refugiado burundês afirmou à AFP que mais de 100 pessoas ficaram feridas no confronto, informação que foi depois confirmada por Boji.
Segundo o chefe de gabinete do ministro do Interior do Kivu, os confrontos começaram depois que um grupo de refugiados invadiu uma prisão para exigir a libertação de quatro burundeses que foram detidos na noite de quarta-feira.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Burundi, Alain-Aime Nyamitwe, no Twitter disse que "são necessárias explicações".
Onda de violência
Dezenas de milhares de burundeses fugiram para o leste da RD Congo para escapar de uma onda de violência que se desenrolou em 2015 depois que o Presidente Pierre Nkurunziza tentou um terceiro mandato.
No total, a violência no Burundi causou entre 500 e 2 mil mortes, de acordo com diferentes relatórios fornecidos pela ONU e ONGs. Mais de 400 mil burundeses fugiram para o exterior. Pelo menos 36 mil estão na RDC, principalmente no acampamento superlotado de Lusenda, no leste.
Em 4 de setembro, a ONU divulgou um relatório acusando o governo de Burundi de crimes contra a humanidade, incluindo execuções e tortura, e exortou o Tribunal Penal Internacional (ICC) a abrir um caso "o mais rápido possível".
O governo de Burundi rejeitou firmemente as acusações, acusando os investigadores da ONU de serem "mercenários" em uma trama ocidental para "escravizar os estados africanos".