RDC: Sete mortos em confrontos entre forças de segurança
5 de novembro de 2017Na origem dos confrontos deste domingo (05.11), em Bukavu, esteve uma operação da polícia para desarmar o Coronel Abbas Kayonga, que coordenava a luta anti-fraude nas minas da região e que tinha sido deposto na quinta-feira, segundo o porta-voz do exército na província de Sul-Kivu, Dieudonne Kasereka.
Kayonga foi suspenso destas funções a 2 de novembro por uma "violação grave”, segundo o decreto assinado pelo governador de Kivu-Sul, Claude Nyamugabo.
O oficial, um ex-rebelde de um grupo que foi integrado no exército da RDC, já se entregou numa base local da missão das Nações Unidas no país, a MONUSCO.
"Acabou de se entregar com dezassete pessoas na base da missão”, disse Kasereka à agência Reuters. Dois soldados do exército e três guarda-costas de Kayonga foram mortos nos confrontos. Entre as vítimas mortais contam-se ainda dois civis atingidos por balas perdidas.
Além dos dezassete membros da força de Abbas Kayonga que se entregaram aos capacetes azuis da ONU, nove foram detidos pelo exército, segundo o porta-voz militar. Os soldados da RDC terão encontrado doze armas pesadas na residência do coronel deposto.
Guerra de recursos
A província de Kivu-Sul é rica em reservas de ouro, estanho e coltan – um mineral usado no fabrico de telemóveis – que há muito ajudam a financiar grupos rebeldes e oficiais do exército.
"Depois da minha suspensão, escrevi ao comandante do grupo de proteção das instituições e outras personalidades de Kivu-Sul para pedir que os seis polícias responsáveis pela minha proteção se mantivessem ao meu lado, temendo represálias de determinados contrabandistas de minerais que iriam tentar vingar-se de mim”, disse Kayonga à AFP.
"Respondi a este ataque que fez vários feridos entre os elementos alocados à minha proteção”, acrescentou, referindo-se aos confrontos deste domingo com os soldados da RDC.
O governador de Kivu-Sul anunciou entretanto que está "em negociações com a MONUSCO” para permitir que "a justiça faça o seu trabalho”.
A segurança tem vindo a deteriorar-se no país desde o fim do ano passado, quando o Presidente Joseph Kabila recusou abandonar o cargo apesar do fim do seu mandato.
Este domingo, a Comissão Eleitoral deverá anunciar a data para a eleição do sucessor de Kabila. Recentemente, a Comissão anunciou que a votação não poderá ter lugar antes de abril de 2019, aumentando os receios de violência no país.