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"Tshisekedi foi fundamental para um Governo de coligação"

Wendy Bashi | bd | com agências
1 de agosto de 2019

Sete meses depois das eleições, a República Democrática do Congo terá um Governo de 65 membros. Um acordo entre o atual e antigo Presidente do país permitiu formar uma coligação governamental. Forças políticas comemoram.

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Félix Tshisekedi, Presidente da República Democrática do CongoFoto: Presidence RDC/G. Kusema

O novo Governo da República Democrática do Congo, que será liderado pelo primeiro-ministro Sylvestre Ilunkamba, terá 48 ministros e 17 vice-ministros, totalizando 65 membros, anunciou na terça-feira (30.07) a nova coligação que vai governar o país, sete meses depois da realização de eleições.

Apesar de ainda não serem conhecidos os nomes, nem a data que o Governo entra em funções, sabe-se que dos 65 membros, 23 serão do CACH, partido do Presidente da República, Felix Tshisekedi, e os restantes 42 membros são do partido do ex-Presidente Joseph Kabila.

Patrick Kanga, do gabinete político do Partido do Povo para a Recontrução e Democracia, em entrevista à DW, ressaltou que "desde 30 de junho de 1960, esta é a primeira vez que teremos um Governo pós-alternância que também é um Governo de coligação".

Para Kanga, Tshisekedi teve um papel fundamental na formação desta coligação. É da mesma opinião Augustin Kabuya, membro do partido do Presidente da República, que participou na negociação deste acordo para a governanção conjunta da RDC.

"Há pessoas que pensam que Félix Tshisekedi é um Presidente de protocolo. Se assim o fosse, ele poderia fechar os olhos para qualquer realidade. Mas ele provou que estava a negociar com o seu novo parceiro que é Joseph Kabila. Estamos numa coligaão política, mesmo que possamos dizer que alguns vêm de outro componente nós ainda somos um só corpo para administrar este país".

Mais apoios

O acordo assinado na terça-feira (30.07) representa que a coligação do Presidente da República assume que a Frente Comum pelo Congo (FCC) conseguiu mais apoio na Assembleia Nacional, no Senado e nas assembleias provinciais e, por isso, faz-se "efetiva uma coligação FCC-CACH para governar conjuntamente".

DR Kongo  Kinshasa Vereidigung Präsident Felix Tshisekedi
Kabila (esq.) passa a faixa presidencial a Tshisekedi (dir.) durante a cerimónia de posse, em janeiroFoto: picture-alliance/AP Photo/J. Delay

Portanto, a coligação opositora FCC, que tem maioria absoluta na Assembleia Nacional, mas cujo candidato, Emmanuel Ramazani Shadary, ficou em terceiro nas eleições presidenciais de 31 de dezembro, será a que ficará com mais pastas neste acordo.

Do atual Governo saíram várias figuras fortes como o ministro de Informação Lambert Mende, sancionado pela União Europeia pelo envolvimento na repressão das manifestações da oposição de 2017, e o da Saúde Oly Ilunga, depois que o Presidente tirou-lhe as competências sobre a gestão da crise do ébola.

Segundo Néhémie Mwilanya, coordenador da FCC, o executivo de coligação será formado dentro de pouco tempo e os nomes dos seus membros submetidos ao Presidente da República para serem ratificados.

O anunciou do novo Governo de coligação acaba com as críticas dos que, após a vitória de Tshisekedi, eram céticos de que o triunfo da oposição fosse realmente uma mudança de poderes.

As eleições de 30 de dezembro puseram fim a dois anos de demora e incerteza, já que Kabila - no poder desde 2001 - concluiu por lei seu segundo e último mandato em dezembro de 2016. No entanto, o triunfo de Tshisekedi, com 38,57% dos votos, foi posto em dúvida por observadores nacionais, assim como pelo opositor Martin Fayulu, o segundo colocado nas urnas.

No final de janeiro, Martin Fayulu, apelou a protestos em todo o país, depois de a justiça ter validado a vitória de Félix Tshisekedi.

Os resultados das eleições legislativas, realizadas no mesmo dia das presidenciais, deram uma larga maioria às forças favoráveis ao Presidente cessante, Joseph Kabila.