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RDCongo: Kabila não se recandidata

Vera Covelo Tavares | AP
8 de agosto de 2018

Joseph Kabila não é candidato às eleições presidenciais da República Democrática do Congo. O nome indicado pelo partido no poder foi o de Emmanuel Ramazani Sharady, ex-ministro dos assuntos internos.

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Próxima eleições não contarão com KabilaFoto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa

Pouco antes do fim do prazo de candidaturas às presidenciais da República Democrática do Congo, a especulação terminou: Joseph Kabila não vai ser candidato às eleições presidenciais de dezembro. O nome escolhido foi Emmanuel Ramazani Sharady, ex-ministro dos assuntos internos e atual secretário permanente do partido do poder, o PPRD (Partido Popular pela Reconstrução e Democracia)

O anúncio acalma a oposição e a comunidade internacional, que temiam que Kabila fosse mais um exemplo entre os vários líderes africanos que não deixam facilmente o poder. A não candidatura de Kabila é, para já, um sinal positivo para o que poderá ser a primeira transição de poder pacífica na RDC, desde que se tornou independente da Bélgica em 1960.

Comunidade católica sauda decisão

RDCongo: Kabila não se recandidata

Donatien Nshole, porta-voz do episcopado congolês considera que foi um "grande passo” Kabila não ter-se recandidatado e ter demonstrado respeito pela Constituição do país.

"Mas esperamos que os outros desafios sejam ultrapassados. Queremos que o próximo Presidente seja eleito democraticamente e sem dificuldades", pediu Nshola.

Jonas Tshiombela, do Comité Laico de Coordenação, uma organização católica, também mostrou satisfação com o anúncio que considera "uma batalha ganha pela população congolesa, da própria Igreja e da democracia”, mas deixou um apelo à população.

"Consideramos que o combate no seu todo vai continuar porque, por enquanto, só foi ganha uma batalha deste processo; existem ainda outras. Por isso, apelamos à população para estar cada vez mais mobilizada”, disse Tshiombela.

Joseph Kabila poderá continuar "presente"

Sharady, de 58 anos, e católico praticante, como salientou o porta-voz do Governo, Lambert Mende, concorre pela coligação Frente Comum para o Congo, uma plataforma política lançada em junho deste ano e onde a figura de Joseph Kabila é considerada uma autoridade moral, o que pode levar a crer que o ainda Presidente continuará a ter controlo sobre os destinos do país.

Kongo Kinshasa Menschenmenge vor der Wahlkomission
Multidão em frente à comissão Eleitoral na RDCFoto: DW/S. Schlindwein

Para Jean-Paul Mulagizi, da organização civil "Lucha", a situação ainda é complicada.

"Vamos continuar a luta e a mobilizar a população porque a situação ainda é difícil. Conhecemos este regime que alberga muitos malfeitores e corruptos", declarou Mulagizi.

Sharady foi um dos nomes visados nas sanções da União Europeia ao Congo em 2017.

Com ele concorrem pelo menos mais oito candidatos, incluindo três de partidos da oposição, às eleições de dezembro próximo. A elegibilidade das candidaturas ainda terá de ser aprovada.

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