Real problema em Madrid
11 de março de 2019Está em polvorosa o Real Madrid, após a copiosa eliminação da Liga dos Campeões, às mãos do Ajax, e a doze pontos do líder Barcelona, na liga espanhola. O colosso de Santiago Bernabéu movimenta-se no mercado à procura da melhor alternativa para preparar a próxima temporada, mas nada garante, neste momento, a continuidade do técnico argentino Santiago Solari à frente dos "merengues" para o que resta da atual temporada.
Temporada perdida em Santiago Bernabéu
Com um registo de oito derrotas em 27 partidas na principal competição doméstica, uma eliminação da liga milionária e o afastamento da Copa del Rey (perdendo a possibilidade da presença na final para o arquirrival Barcelona), o Real tem um problema de fundo por resolver: à instabilidade competitiva está ligada uma imensa turbulência no balneário que, após a saída de Cristiano Ronaldo, tem no "capitão" Sérgio Ramos a sua principal figura.
Depois de Ronaldo ter abandonado o clube, ao cabo de nove anos de sucessos, em que se incluem três Ligas dos Campeões e dois mundiais de clubes, os madrilenos tardam em encontrar-se como equipa, sobressaindo quezílias antigas entre jogadores e a direção de Florentino Pérez, mas também com o treinador Santiago Solari no centro das atenções. O problema com Isco (outrora titular indiscutível do Real), é apenas a face mais visível de posturas cruzadas e ambientes contaminados que tornam, por um lado, muito difícil o foco na vertente eminentemente competitiva e, por outro, praticamente impossível a continuidade do argentino à frente da equipa principal de futebol.
"Paga-me e vou-me embora!"
Após o jogo da segunda "mão" dos oitavos de final da Champions League (em que o Ajax venceu, em Madrid, por 4-1), as posições extremaram-se em pleno balneário: o presidente Florentino Pérez terá acusado alguns jogadores de falta de empenho e foco nos objetivos do clube, personalizando em Sérgio Ramos a sua ira. O defesa-central "internacional" espanhol, por seu turno, ripostou ao líder diretivo com uma frase emblemática: "Paga-me e vou-me embora". Porém, seriam necessários 25 milhões de euros para satisfazer as pretensões do futebolista, num cenário de rescisão contratual precipitado pelo clube.
Florentino Pérez parece ter uma ideia clara: o novo treinador deverá dispor de todo o tempo para preparar a temporada de 2019/2020 e de carta branca para uma reformulação total do balneário "merengue". A sua viagem a Londres – que ainda decorre – visa uma aproximação a dois nomes que há muito fazem parte da agenda do diretivo madridista: Mauricio Pochettino e José Mourinho. O antigo "internacional" argentino, com uma vasta experiência no futebol espanhol enquanto jogador e treinador (no Espanyol de Barcelona), está a produzir trabalho de qualidade, há cinco anos, ao serviço do Tottenham, levando a equipa de White Hart Lane à permanente luta pelos melhores lugares da Premier League, e relançando-a nos palcos europeus.
Um "risco" chamado Mourinho
Já José Mourinho constituiria um risco suplementar, uma vez que algumas franjas "históricas” do Real Madrid não vêem com bons olhos um eventual regresso do técnico de Setúbal ao banco "blanco”. Após um consulado técnico de três anos (entre 2010 e 2013), Mourinho ganhou alguns anticorpos no balneário do Real, ao ponto de colocar como condição prévia a qualquer diálogo com Florentino Pérez a saída de jogadores carismáticos, como o próprio "capitão” Sérgio Ramos.
Neste cenário, ganha força a possibilidade da "sedução" a Pochettino: é um técnico jovem (47 anos), com experiência como jogador (atuou no Espanyol, no Paris Saint-Germain, no Bordeaux e vestiu 20 vezes a camisola da seleção argentina), não teria anticorpos no balneário, gosta de futebol vistoso e ofensivo e vem de uma das melhores ligas do mundo. Com ou sem acordo, Florentino Pérez sabe que o tempo joga contra si: quanto mais depressa encontrar solução, melhor conseguirá controlar os opositores internos. Se demorar demasiado tempo, contribuirá para uma tempestade interna de efeitos imprevisíveis…