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Rebeldes de Tigray violaram e espancaram mulheres na Etiópia

Mimi Mefo | tms | com agências
10 de novembro de 2021

A Amnistia Internacional denunciou que várias mulheres foram violadas e espancadas por rebeldes de Tigray, por vezes à frente dos filhos. Mas há relatos de violação dos direitos humanos também na capital etíope.

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Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP/Getty Images

De acordo com o relatório divulgado pela Amnistia Internacional, várias mulheres foram violadas, roubadas e espancadas pelos rebeldes de Tigray durante um ataque a uma cidade da região de Amhara, em agosto.  

A denúncia baseia-se em testemunhos que a organização de defesa dos direitos humanos reuniu. A Amnistia Internacional avançou que boa parte das vítimas sofre agora de problemas de saúde por causa da violência sofrida.  

Também há relatos de violações dos direitos humanos em Adis Abeba. A Organização das Nações Unidas denunciou esta terça-feira (09.11) que pelo menos 16 dos seus trabalhadores etíopes foram detidos na capital durante uma operação contra naturais da província de Tigray, no quadro do estado de emergência vigente no país.

O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse que a organização está a trabalhar com o Governo para libertar os funcionários, mas ainda aguarda explicações sobre as detenções. "Até ao momento, não nos foi dada qualquer explicação sobre o motivo da detenção destes funcionários. Restam 16 em detenção e seis foram libertados. Eles são de várias agências das Nações Unidas, são todos etíopes. É imperativo que sejam libertados", frisou.

Estado de emergência gera abusos

Na semana passada, o Governo do primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed decretou o estado de emergência durante seis meses face ao risco crescente dos rebeldes da Frente Popular de Libertação de Tigray (TPFL) e do Exército de Libertação de Oromo (OLA) conquistarem a capital, Adis Abeba.

Grupos de defesa dos direitos humanos denunciaram as medidas de exceção previstas no estado de emergência e acusaram o Governo de multiplicar as detenções arbitrárias sob pretexto de pertença à etnia Tigray.

Äthiopien Mekele | Pro-TPLF Rebellen
Frente Popular de Libertação do Tigray ganha terrenoFoto: YASUYOSHI CHIBA/AFP

A comunidade internacional tem defendido o diálogo para resolver o conflito que já dura há um ano na Etiópia. A posição foi reiterada esta terça-feira pela conselheira especial das Nações Unidas para a prevenção do genocídio, Alice Wairimu Nderitu.

"Este violento conflito tem sido caracterizado pela recusa das partes. Portanto, agora não há opção. Eles têm de se empenhar, têm de dialogar. O mundo não vai ficar de braços cruzados e permitir que estas transgressões de violência e assassinatos continuem em nome da soberania", defendeu a queniana em entrevista à DW.

Reunião "urgente" na União Africana

Alice Wairimu Nderitu alertou para a necessidade "urgente" de o Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) convocar uma reunião sobre a Etiópia.

Segundo a conselheira especial da ONU, a conflito é um problema etíope e a solução deve envolver não só a região de Tigray, caso contrário poderá haver mais violência noutras regiões do país.

Lembrou ainda que "os líderes etíopes devem sentar-se à mesa agora e dialogar. O primeiro-ministro tem dito repetidamente que não pode negociar com uma organização terrorista. Temos de lhe pedir que se lembre que é um laureado com o Prémio Nobel da Paz e que agora precisa de se sentar à mesa para dialogar."

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