Rebeldes líbios entram em Trípoli; população civil comemora
22 de agosto de 2011Apostando na derrubada do bastião do regime líbio, os rebeldes iniciaram neste domingo, 21/8, ofensiva rumo a Trípoli, a capital oficial do país.
Na noite de domingo, violentos combates aconteciam em Trípoli após o assalto dos rebeldes à capital. De acordo com o canal britânico de televisão Sky, com correspondente que acompanhava um comboio, os rebeldes líbios entraram em Trípoli e foram acolhidos pela população. Aparentemente, não encontraram resistência por parte das forças leais a Mouammar Kadhafi.
Também no domingo, o chefe do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafa Abdel-Jalil, disse ao canal de televisão Al Jazeera que "temos informações confirmadas de que [o filho de Mouammar Kadhafi] Seif Al-Islam, foi capturado [pelos rebeldes]".
O porta-voz do governo líbio, Mussa Ibrahim, afirmou por sua vez que, em 11 horas de combates em Trípoli (desde o meio-dia local), 1.300 pessoas tinham morrido e 5 mil ficaram feridas, e que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) teria dado cobertura a "gangues cheias de ódio". "Precisamos sentar, conversar e depois discutir tudo", afirmou, pedindo a suspensão de todas as operações militares.
Iniciada na noite de sábado (20/8), a operação estava sendo coordenada entre o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião sediado em Benghazi (leste), e combatentes rebeldes dentro e fora da capital. Ahmed Jibril, porta-voz do CNT, acrescentou que também a NATO está envolvida na ofensiva.
Primeiras explosões
As primeiras explosões ocorreram na noite de sábado para domingo, quando o centro de Trípoli começou a ser sobrevoado por jatos. Seguiu-se depois uma intensa troca de tiros, com o porta-voz do governo líbio, Mussa Ibrahim, a confirmar a ocorrência do que considerou ser “pequenos confrontos” entre grupos de pequena dimensão em alguns bairros de Trípoli.
Mas, apesar do porta-voz governamental ter dito que a capital líbia estava segura, Mouammar Kadhafi decidiu dirigir-se ao povo pouco depois, através de uma mensagem áudio transmitida pela televisão estatal. Ele lançou apelos à população ainda fiel ao regime para que recuperasse as zonas tomadas pela oposição: "Essas pessoas destroem a Líbia. Elas detestam a Líbia e destroem os cidadãos líbios. Elas transformaram as crianças líbias em órfãs e as mulheres líbias em viúvas", diz a mensagem.
Kadhafi prometeu resistir. Rumores de que ele teria deixado a capital não foram confirmados.
Por seu turno, Mustafa Abdel-Jalil, do CNT rebelde, disse que "conhecemos a moral de Kadhafi e o seu comportamento. Para ele a Líbia e os líbios pouco valem e, portanto, nestas últimas horas ele está disposto a tudo: pode incendiar Trípoli, pode transformar os carros em bombas, pode abrir os seus arsenais de gás etc. Espera-se tudo e estamos prontos", afirmou.
Ex-número 2 do regime pede que pró-Kadhafi “reneguem coronel”
O ex-número dois do regime de Kadhafi, Abdelssalem Jaloud – que fugiu de Trípoli na sexta-feira (19/8) – apelou à tribo do coronel para que renegue Kadhafi e aos habitantes de Trípoli para que se juntem às forças rebeldes. Jaloud, caído em desgraça em meados da década de 1990, juntou-se aos rebeldes depois de ter conseguido fugir da capital líbia em direção à Itália.
Enquanto isso, várias capitais mundiais saudaram o avanço dos rebeldes no domingo. Em Washington, por exemplo, a Casa Branca considerou num comunicado que os dias de Kadhafi como dirigente líbio "estão contados", tendo ainda sublinhado que o povo líbio "merece um futuro justo, democrático e pacífico". Também a NATO considerou que o regime de Kadhafi poderia entrar em "colapso" neste domingo.
No plano diplomático, o CNT obteve mais uma vitória ao ser reconhecido este domingo pela Tunísia, como o representante legítimo do povo líbio.
Atualizado às 21h43 TUC (GMT)
Autor: António Rocha (com agências afp/Reuters/dpa)
Edição: Renate Krieger