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RENAMO acusa polícia de a tentar "empurrar" para nova guerra

Leonel Matias (Maputo)
10 de janeiro de 2020

O maior partido da oposição em Moçambique, a RENAMO, nega qualquer responsabilidade pela violência armada no centro do país. E acusa a polícia de "má-fé".

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José Manteigas, porta-voz da RENAMOFoto: DW/R. da Silva

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) reitera que não está ligada à violência armada no centro do país e acusou a polícia de pretender denegrir a imagem do partido "de forma recorrente, abusiva e fundada na má-fé".

A posição do partido, expressa esta sexta-feira (10.01) durante uma conferência de imprensa em Maputo, segue-se à apresentação pela polícia de seis indivíduos detidos no último fim de semana em Sofala suspeitos de envolvimento em ataques no centro do país, cuja responsabilidade é atribuída pela corporação à RENAMO.

Segundo o porta voz do partido, José Manteigas, "esta atitude da polícia é uma fracassada tentativa de justificar a sua ineficácia e incapacidade combativa perante ações macabras dos atacantes."

 RENAMO Guerillakämpfer in Gorongosa, Mosambik
Líder da "Junta Militar", Mariano NhongoFoto: DW/A. Sebastiao

"Empurrar a RENAMO para uma guerra"

As autoridades têm responsabilizado a RENAMO pelos ataques no centro do país. Mas o partido nega as acusações, apontando o dedo a guerrilheiros da autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO liderados por Mariano Nhongo, um dissidente do partido que não reconhece a liderança de Ossufo Momade e exige a sua renúncia do cargo.

Para José Manteigas, as acusações da polícia representam "uma vã e inglória tentativa da polícia pretender empurrar a RENAMO para uma guerra, porque não vai conseguir. Essa não é a nossa agenda e nunca foi a nossa agenda."

"Os moçambicanos não querem uma polícia promotora de intrigas sociais e cumpridora de agendas ocultas e inconfessáveis", afirmou José Manteigas, tendo acrescentado: "Queremos uma polícia que cumpre a Constituição da República."

Raptos e assassinatos

Manteigas acusou ainda a polícia de nunca se pronunciar sobre os sequestros e assassinatos seletivos de membros da RENAMO e outros cidadãos indefesos levados a cabo por "esquadrões da morte" criados pelo regime. E deixou um recado: "A RENAMO aconselha que, caso a policia não esteja capaz de travar os ataques, deve pedir socorro a quem sabe que é capaz e é estratega e não pôr em causa o bom nome deste partido, que, de forma incansável e incessante, luta pela manutenção da paz, reconciliação nacional e harmonia social."

RENAMO acusa polícia de a tentar "empurrar" para nova guerra

Na conferência de imprensa, o porta-voz da RENAMO reiterou a exigência do seu partido para a criação urgente de uma comissão de inquérito diversificada encarregue de averiguar no terreno a origem dos ataques armados que se registam no norte do país e identificar os seus agentes. "Esperamos uma rápida resposta", acrescentou José Manteigas.

Acusação contra deputado da FRELIMO

Ainda esta sexta-feira, cerca de 40 organizações da sociedade civil convocaram a imprensa para exigir a suspensão da tomada de posse de um deputado do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), alvo de uma queixa em Gaza por alegada violação de uma menor.

Alberto Niquice foi eleito nas últimas eleições legislativas e deverá tomar posse na próxima segunda-feira (13.01). Mas, para Maria Paula Vera Cruz, do Fórum Mulher, primeiro que tudo, será preciso conhecer o "desfecho do processo".

A postura do político "põe em causa a imagem da Assembleia da Republica, que é uma instituição cujos membros, que são os deputados, devem proteger os direitos humanos", acrescentou a responsável.

Citado pelo jornal Carta de Moçambique, Niquice confirmou a acusação de que é alvo mas não entrou em detalhes sobre o caso.

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