RENAMO alerta para clima de desconfiança no DDR
6 de fevereiro de 2023A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), maior partido da oposição, denunciou esta segunda-feira (06.02) irregularidades no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), afirmando ser uma "incógnita" oencerramento da última base do partido, no âmbito dos acordos de paz.
"Isto começa a ser uma incógnita: estão a assassinar os nossos desmobilizados", disse José Manteigas, porta-voz do partido, durante uma conferência de imprensa em Maputo, na qual denunciou o alegado assassinato de um delegado e desmobilizado no centro do país.
"Esquadrões da morte"
Segundo a RENAMO, o delegado político na localidade de Nkondedzi, em Tete, no centro de Moçambique, foi levado "à força para o interior de uma viatura" no dia 30 de janeiro, por "três pessoas mascaradas" e supostamente "trajadas com fardamento da Força de Intervenção Rápida" moçambicana.
O partido diz que o delegado terá sido assassinado e o seu corpo carbonizado "com três pneus" numa zona entre os distritos de Changara e Guro, em Tete, por alegados "esquadrões da morte", como outros ao serviço do "poder do dia" e a que atribuiu crimes semelhantes no passado com o intuito de silenciar os seus membros ou "quem pensa diferente".
José Manteigas disse que a morte do seu delegado cria um ambiente de desconfiança, e disse ainda que "há questões que não estão a ser acauteladas no âmbito do acordo", acrescentou o porta-voz.
O encerramento da base central do braço armado da RENAMO na serra da Gorongosa, no âmbito do processo de DDR previsto no acordo de paz assinado com o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) em 2019, estava previsto para dezembro, mas foi adiado.
Outra das reclamações do principal partido de oposição está relacionada com osatrasos nas pensõesque deviam ser pagas aos guerrilheiros desmobilizados, um problema para o qual o enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas a Moçambique e presidente do grupo de contacto nas negociações, Mirko Manzoni, tinha alertado.
No âmbito do acordo, do total de 5.221 elementos a abranger, cerca de 4.700 (90%) já entregaram as armas, sendo que alguns foram incorporados nas Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.