Ossufo Momade candidato à Presidência de Moçambique
26 de junho de 2019A candidatura do líder da RENAMO, Ossufo Momade, às eleições presidenciais, foi feita através do mandatário do partido, Venâncio Mondlane, mas sem a presença do candidato, que se encontra nas matas da Gorongosa.
A legislação não obriga a presença do candidato presidencial, mas este momento tem sido aproveitado pelos concorrentes para não só saudarem os seus apoiantes como falarem à imprensa.
Venancio Mondlane fazia-se acompanhar do secretário-geral, André Majibire, e de outros altos quadros do partido.
Apoio à candidatura
Centenas de pessoas, empunhando dísticos e exibindo números culturais, concentraram-se no exterior do edifício do Conselho Constitucional para manifestar o seu apoio a candidatura de Ossufo Momade."Estão reunidas todas as condições para que ele concorra às eleições", afirmou Majibire, tendo acrescentado que o partido está a trabalhar de modo que Ossufo Momade saia vencedor.
"Queremos de facto minimizar ou acabar com o sofrimento do povo moçambicano e é somente o presidente Ossufo Momade que é capaz de satisfazer esse desiderato do povo moçambicano."
Lutas pela liderança da RENAMO
A apresentação da candidatura de Ossufo Momade acontece numa altura em que se registam lutas internas pela liderança da RENAMO. Mas, André Majibire minimizou este facto falando a jornalistas após a entrega da candidatura.
"O ambiente interno dentro da RENAMO está muito saudável", destacou.
A RENAMO vai este ano, pela primeira vez, às eleições sem o seu líder histórico, Afonso Dhlakama, que morreu há mais de um ano vítima de doença, nas matas da Gorongosa, local onde o seu sucessor Ossufo Momade se encontra a residir.Os jornalistas perguntaram a André Majibire porque é que, contrariamente ao que aconteceu com os outros concorrentes às presidenciais, Ossufo Momade não testemunhou a apresentação da sua candidatura.
"O presidente Ossufo Momade, neste momento, está a fazer o acompanhamento do diálogo em relação aos assuntos militares a partir da Gorongosa, está a dirigir o partido a partir da Gorongosa. Logo que as condições estiverem criadas ele há-de vir aqui a Maputo."
Acordo de paz definitivo
O país está, atualmente, na fase de implementação do processo de desmobilização, desarmamento e reintegração das forças residuais da RENAMO, vulgo DDR.
Majibiri disse que tudo está a ser feito para que um acordo de paz definitivo seja alcançado o mais brevemente possível .
"O grupo do DDR ( desarmamento, desmobilização e reintegração das forças residuais da RENAMO ) está a trabalhar, rodou todas as províncias, refiro-me a equipa proveniente da RENAMO neste caso a fazer a identificação das bases da RENAMO e também a identificar os possíveis locais para que se faça campos de acantonamento."
Recorde-se que as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado da RENAMO não se têm confrontado desde finais de 2017, mas o Governo e o principal partido da oposição ainda não assinaram um acordo formal para uma paz definitiva, mantendo-se em negociações para o efeito.
Surtos de violência
Apesar de as duas partes terem assinado em 1992 o Acordo Geral de Paz que encerrou 16 anos de guerra civil, o país tem sido assolado por surtos de violência armada, devido a diferendos nos processos eleitorais.
O atual processo paz tem sido marcado por divergências relacionadas com o DDR, apesar de avanços no pacote de descentralização, que culminaram com a introdução da eleição de governadores provinciais, pela primeira vez nas eleições gerais de outubro próximo.
Essas eleições foram antecedidas de um recenseamento eleitoral, que foi descrito por André Majibiri como tendo sido "uma autêntica vergonha".
"Foi um programa desenhado por forma a baixar os mandatos nas províncias de Nampula, Sofala, Zambézia, Tete e tantas outras e aumentar todos para Gaza, porque é em Gaza onde a FRELIMO pensa que tem hegemonia. Mas, quero-vos garantir aqui que a RENAMO vai perseguir esses mandatos em Gaza. Vamos arrancar".