RENAMO disposta a reiniciar diálogo com Governo
18 de maio de 2016"Está vivo?", perguntou o jornalista da STV, o principal canal privado de televisão em Moçambique, referindo-se a rumores sobre a morte do principal líder da oposição. Afonso Dhlakama riu-se do outro lado do telefone: "Eu estou vivo. Nem fiquei doente, nem estou doente. Estou vivo e de boa saúde".
Dhlakama encontra-se supostamente numa base da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na Gorongosa, na província central moçambicana de Sofala.
Os confrontos entre as forças de segurança e o braço armado do maior partido da oposição têm aumentado nos últimos meses. A RENAMO exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, mas as negociações com o Executivo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) estão paralisadas – a RENAMO exige a presença de mediadores da África do Sul, União Europeia e Igreja Católica no diálogo de paz, uma reivindicação que o partido no poder tem recusado.
Mas, na terça-feira (17.05), o Presidente moçambicano pediu à RENAMO para reiniciar o diálogo de paz. Em resposta, o líder da RENAMO anunciou que aceitará o convite de Filipe Nyusi para formar uma equipa de negociadores.
Dhlakama disse que "os nomes dos três membros da RENAMO que vão dialogar sobre a agenda com o grupo de Jacinto Veloso [um dos negociadores indicados pelo Governo]" serão divulgados na quinta-feira (19.05).
Mediadores?
Na carta de Nyusi, afastava-se, para já, a mediação do diálogo de paz: "O chefe de Estado moçambicano defende que não haja mediação para a criação da comissão acima referida, pois a retomada do diálogo ocorrerá como resultado dos termos de referência a serem definidos pela equipa conjunta", lê-se no comunicado da Presidência.
Segundo o líder da RENAMO, a questão da mediação deverá, no entanto, ser debatida mais tarde. "Agora penso que as coisas estão maduras. A carta diz que [o assunto] da mediação poderá ser tratado posteriormente", afirmou Dhlakama na entrevista exclusiva à STV.
"Já somos velhos. Temos filhos e já não temos idade para andarmos nas matas a matar-nos". O líder do maior partido da oposição diz esperar "negociações sérias" para pôr fim aos confrontos militares com o Governo da FRELIMO "de uma vez para sempre".