RENAMO diz que "não vai reconhecer recenseamento eleitoral"
31 de maio de 2023"O que está a acontecer com este recenseamento é uma desorganização organizada. Por isso, a RENAMO não vai reconhecer os resultados deste recenseamento, a menos que haja correção imediata das grosseiras irregularidades", afirmou Viana Magalhães, chefe da bancada da RENAMO na Assembleia da República (AR).
Magalhães falava durante o discurso de encerramento da sétima sessão da nona legislatura do parlamento moçambicano.
"Exigimos a correção imediata das irregularidades e a prorrogação do recenseamento por mais 30 dias, de modo que todo o cidadão com capacidade eleitoral ativa residente no raio da respetiva autarquia possa registar-se nos cadernos eleitorais", enfatizou.
O chefe da bancada do principal partido da oposição acusou os órgãos eleitorais de favorecerem o registo de votantes membros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, e de não responsabilizarem os funcionários envolvidos em crimes eleitorais.
Viana Magalhães não esclareceu se o não reconhecimento do resultado do recenseamento eleitoral implicará o boicote das próximas eleições autárquicas pelo seu partido.
FRELIMO preocupada
Por seu turno, Sérgio Pantie, chefe da bancada da FRELIMO, manifestou "preocupação com os ilícitos eleitorais e a morosidade" que têm sido relatados "em alguns postos de recenseamento".
Pantie apelou às "autoridades competentes" para garantirem que o recenseamento eleitoral "seja célere" visando assegurar que "todos os cidadãos com 18 anos possam exercer o seu direito".
O chefe da bancada do partido no poder acusou pessoas desconhecidas de "agredirem fiscais da FRELIMO" nos postos de recenseamento para impedir que acompanhem o registo de votantes.
"Falta de profissionalismo"
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido, acusou o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de falta de profissionalismo, integridade e independência política na forma como está a conduzir o processo de registo de votantes para as eleições autárquicas.
A postura do STAE tem criado "um ambiente de total desconfiança, desordem, desmandos e não cumprimento da lei", disse Lutero Simango, chefe da bancada parlamentar do MDM.
Apontou a inscrição ilegal de eleitores residentes fora de distritos com autarquias, a existência de filas prioritárias para o recenseamento e a alocação de equipamentos de registo eleitoral insuficientes nas zonas com um eleitoral favorável à oposição como exemplos de irregularidades supostamente promovidas pelo STAE.
O recenseamento eleitoral termina no próximo dia 03 de junho e prevê a inscrição de cerca de 10 milhões de votantes dos 65 municípios do país.