RENAMO e exército voltam a confrontar-se
2 de junho de 2014Os confrontos começaram na sexta-feira (30.05), prolongaram-se pelo fim de semana até esta segunda-feira (02.06).
“O Governo tem levado a cabo movimentações militares de maior vulto na Gorongosa”, justifica António Muchanga, porta-voz da RENAMO.
"Também estas provocações do Governo tiveram ligar em Muxungué. Ontem, tentaram atacar uma outra posição da RENAMO. A perseguição destas forças invasoras veio culminar hoje com os confrontos na estrada nacional número 1, às 09h00, onde quatro viaturas militares foram destruídas o que resultou em dezenas de mortos e feridos graves”, garante o porta-voz do partido.
Confrontos recomeçaram há três dias
De acordo com António Muchanga, os confrontos recomeçaram no dia 30 de maio e desde então 29 homens do exército estão perdidos pelas matas na serra da Gorongosa.
Um comandante do exército nacional foi morto, bem como outras duas dezenas de soldados, sendo que há cerca de 30 soldados feridos.
"Outras forças fugiram e entraram no Parque Nacional da Gorongosa. Tememos que alguns sejam devorados por animais e lamentamos que 24 dos que conseguiram chegar a Dondo, no seu quartel, foram presos por ordens do Estado Maior", refere.
"No dia 1 de junho, 53 militares do Governo abandonaram a sua posição em Satunjira e deixaram as armas pelo caminho", informa ainda a mesma fonte da RENAMO.
Porém, o Ministério da Defesa de Moçambique, desmente as informações.
“Os homens da RENAMO atacaram uma viatura das Forças de Defesa e Segurança (FDS). Não há mais nada a comentar, senão a lamentar esses factos. As FDS continuam a fazer o seu trabalho de assegurar a tranquilidade das populações na zona”, garante Benjamim Chabuala, do gabinete de comunicação e imprensa do ministério.
A maior força da oposição decretou o cessar-fogo a 27 de abril, quando em Conselho de Ministros se aprovou o prolongamento do recenseamento eleitoral, que abrangiu também o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama.
Os atuais confrontos acontecem justamente na região onde supostamente está refugiado Afonso Dhlakama. A RENAMO, entretanto, diz que a retomada dos confrontos representa para os homens armados do partido uma questão de sobrevivência.
“As forças armadas de defesa da RENAMO estão agora a tomar conta do recado. Já não lhes interessa a palavra do presidente Dhlakama, porque a vida deles está em perigo. Espera-se que esses confrontos perdurem até que se chegue ao entendimento sobre a chegada de observadores militares internacionais que poderão ajudar num cessar-fogo”, explica António Muchanga.
Desmilitarização da RENAMO no centro das atenções
A tensão político-militar entre as partes está a ser discutida há muito tempo e estagnou nos pontos mais críticos: o da composição das Forças Armadas do país e o da desmilitarização da RENAMO.
Enquanto há um silêncio na mesa do diálogo, as armas falam no interior e centro de Moçambique. Ainda assim, o Governo mantém a esperança de que tudo se resolva com diálogo, segundo Benjamim Chabuala.
“Enquanto não se resolver os problemas, o exército vai continuar a fazer o seu papel de assegurar a defesa das populações. Mas espera-se que a solução venha em sede de diálogo”, comentou o porta-voz do ministério.