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Para analistas, RENAMO e Governo provocaram ataques mútuos

Ernesto Saúl (Maputo)29 de setembro de 2015

Entrevistados ouvidos pela DW África descartam teoria de atentado presumível por homens da própria RENAMO contra Afonso Dhlakama. Confrontos podem ter ocorrido de "forma consciente", dizem.

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Foto: DW/M. Mueia

Analistas ouvidos pela DW África descartam a possibilidade de homens da própria Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) terem suscitado um presumível pânico que resultou no atentado a Afonso Dhlakama, líder do maior partido da oposição em Moçambique.

Ainda não há certezas sobre a autoria dos dois recentes ataques contra Dhalakama, no centro do país. Mas, segundo os entrevistados, elementos armados da RENAMO e as Forças de Defesa e Segurança do Governo podem ter-se confrontado de forma consciente.

As fontes referem que se no primeiro incidente, em 12 de setembro, prevaleciam dúvidas quanto aos autores do atentado, no segundo, fica clara a intenção de ataque mútuo.

Essa conclusão é aparentemente esclarecedora até para cidadãos leigos em questões políticas, como Manasse Macuacua, jovem residente em Maputo, que acredita em provocações de parte a parte.

"As duas partes são responsáveis. Nos diálogos que costumam ter, eles já deviam ter conversado de maneira a estabilizar o país. O que queremos, na verdade, é paz para irmos atrás do que queremos", afirma.

Para João Miguel, professor da Universidade Eduardo Mondlane, a Polícia da República de Moçambique pode ter provocado a situação.

"A hipótese que se colocava de não se saber quem provocou esse incidente acaba dissipando-se um pouco. Para nós, já está claro que existe uma participação por parte da Polícia e do Exército. Isso nos preocupa, porque estamos a presenciar uma situação que se torna cada vez mais tensa", avalia.

Afonso Dhlakama
Para analistas, a RENAMO e as Forças de Defesa e Segurança do Governo podem ter-se confrontado de forma consciente.Foto: DW/A. Cascais

João Miguel critica a dissonância entre os discursos públicos manifestados pelas lideranças de ambas as partes e as respetivas ações na gestão da tensão política.

"Há alguma coisa exigida por parte da liderança da RENAMO que não está explícita", diz o professor. "E por parte do governo, mesmo que se diga através da imprensa que está aberto ao diálogo, dá a sensação de que existe qualquer coisa da qual não temos conhecimento."

Teorias

Para o analista Dércio Alfazema, as especulações nas redes sociais sobre o surgimento de uma terceira parte interessada na instabilidade política em Moçambique é apenas consequência do arrastamento da tensão que o país vive nos últimos anos. Ele não acredita que o ataque a Dhlakama tenha sido simulado.

"Politicamente, o país está fragmentado em termos de posicionamentos e opiniões. Isso vem reforçar a teoria de que o país é um terreno fértil para conflitos. Precisamos todos trabalhar para evitar que essa teorias ganhem razão de ser", observa.

Afonso Dhlakama foi alvo de dois atentados, em menos de um mês, e o seu partido, a RENAMO, aponta o governo como autor. A acusação foi prontamente rejeitada tanto pelas autoridades governamentais como pela FRELIMO, o partido no poder.

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