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RENAMO faz novas exigências

Lusa / ar.19 de setembro de 2016

RENAMO, principal partido de oposição de Moçambique, exigiu a correção daquilo que considera ser várias irregularidades na implementação do Acordo Geral de Paz e na reintegração dos seus homens na polícia e no exército.

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Foto: DW/L. Matias

"A RENAMO [Resistência Nacional Moçambicana] indicou que houve diversas irregularidades na implementação do Acordo Geral de Roma", disse hoje à imprensa Jacinto Veloso, chefe da delegação do Governo moçambicano nas negociações de paz com a Renamo, falando em nome das duas delegações e dos mediadores internacionais, após mais uma sessão esta segunda-feira (19.09) em Maputo.

De acordo com o porta-voz da sessão, o maior partido de oposição em Moçambique exige a retificação dos supostos erros na implementação do documento assinado em 1992 e que pôs fim a 16 anos de guerra civil entre as forças governamentais e a RENAMO, vitimando mais de um milhão de pessoas em todo país.

"A delegação da RENAMO ficou com a missão de apresentação do modelo de retificação destas eventuais irregularidades para a reintegração ou integração dos seus homens nas Forças de Defesa e Segurança", disse Jacinto Veloso, observando que, segundo a apresentação do partido, na Polícia da República de Moçambique e no Serviço de Informação e Segurança do Estado, a "secreta" de Moçambique, foi se verificou a integração dos membros do partido.
Respeitar os interesses de todos

Mosambik Friedensverhandlungen Jacinto Veloso
Jacinto VelosoFoto: DW/L. Matias

O mediador disse que este processo deve ser feito respeitando os interesses de "todos os moçambicanos", na medida em que as Forças de Defesa e Segurança são apartidárias e devem defender a soberania do Estado.

"É preciso realçar que as Forças de Defesa devem abster-se, na sua ação, de qualquer atitude que possa provocar danos à unidade", reiterou o chefe da delegação do Governo.

A integração dos homens armados da RENAMO nas Forças de Defesa e Segurança é o terceiro ponto da agenda que a comissão mista debate neste novo processo negocial, sendo que as duas partes ainda não chegaram a acordo em relação aos dois pontos anteriores, nomeadamente ao fim dos confrontos militares e a exigência da Renamo de governar as seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

Além dos três pontos, a descentralização administrativa faz parte da agenda em debate e, segundo Jacinto Veloso, a comissão mista das negociações vai receber na quinta-feira (22.09.) um perito na matéria para proferir uma palestra sobre o tema.

Moçambique atravessa uma crise política que opõe as forças dominantes e a região centro do país tem sido palco de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.

RENAMO acusada de várias emboscadas
As autoridades moçambicanas acusam a RENAMO de uma série de emboscadas nas estradas e ataques nas últimas semanas em localidades das regiões centro e norte, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da empresa mineira brasileira Vale.

Mosambik Friedensverhandlungen Renamo Mitglieder
Foto: DW/L. Matias

Alguns dos ataques foram assumidos pelo líder da oposição, Afonso Dhlakama, que os justificou com o argumento de dispersar as Forças de Defesa e Segurança, acusadas de bombardear a serra da Gorongosa, onde presumivelmente se encontra.

Na semana passada, o Governo moçambicano e a RENAMO retomaram as negociações de paz, após cerca de três semanas de interregno, a pedido dos mediadores internacionais, mas, após três encontros, ainda não há acordo sobre a cessação das hostilidades militares que já vitimaram várias pessoas.

A RENAMO exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder há mais de 40 anos) de ter cometido fraude no escrutínio.

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