RENAMO queixa-se de atrasos nos apoios a ex-guerrilheiros
15 de outubro de 2021A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição em Moçambique, queixou-se de atrasos nos pagamentos a guerrilheiros reintegrados na sociedade, que a União Europeia (UE), um dos financiadores, diz estarem a ser feitos.
"Queremos fazer um apelo para que, enquanto se espera pela fixação de pensões, a comunidade internacional continue a pagar os seus subsídios [de reintegração]", destacou André Magibire, secretário-geral da RENAMO.
O dirigente falava esta quinta-feira (14.10) em Gôndola, centro do país, no lançamento do programa de pacificação DELPAZ - Desenvolvimento Local para a Consolidação da Paz em Moçambique.
Após entregarem as armas, os guerrilheiros recebem um subsídio durante um período de alguns meses e depois são fixadas pensões, mas ambas as componentes estão atrasadas, referiu, sem detalhes.
"Estão a ser pagos", diz UE
A ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, respondeu, reconhecendo que há "muitas dificuldades".
"Contamos com o apoio dos parceiros", mas estes também "estão a enfrentar problemas devido à Covid-19", o que prejudica a velocidade dos desembolsos, referiu.
António Gaspar, embaixador da UE em Moçambique, em resposta aos jornalistas no final da cerimónia, disse poder haver "obstáculos aqui e ali", mas referiu que os subsídios aos guerrilheiros da Renamo "estão a ser pagos".
As reclamações de atrasos nos benefícios têm sido recorrentes por parte da RENAMO nos últimos meses. O processo de desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR) é financiado pela comunidade internacional através de um fundo multidoadores, gerido pelo Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS, sigla inglesa) e dirigido politicamente pelo Secretariado da Paz, com um enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas e um grupo de contacto de que a União Europeia (UE) faz parte.
Em junho, o fundo dispunha de cerca de 20 milhões de euros de recursos, "dos quais foi gasta uma parte", mas com "um remanescente muito importante" e "contribuições" a entrar, explicou na altura Antonio Gaspar à agência de notícias Lusa.
Cerca de metade dos 5.200 guerrilheiros da RENAMO já aderiram ao processo de DDR.