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RENAMO reúne Comissão Política no seu bastião no centro de Moçambique

Nádia Issufo18 de dezembro de 2014

A Comissão Política da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique, foi convocada para uma reunião de dois dias, a partir de domingo (21.12), na Gorongosa, no centro, para discutir as últimas eleições gerais.

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A reunião da comissão política da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na Gorongosa é uma estratégia de pressão contra o Governo, considera o analista Calton Cadeado. Já o maior partido da oposição em Moçambique deixa ao critério de cada um a interpretação da escolha do local.

A partir do próximo domingo (21.12), as eleições gerais de outubro passado serão tema de debate no encontro da RENAMO, bem como o desempenho do partido e a situação política, económica e social do país.

Gorongosa, no centro do país, o local escolhido para o encontro, foi palco da confrontos militares recentes entre homens da RENAMO e as Forças Armadas de defesa do país. Também durante a guerra civil de 16 anos o lugar ficou marcado por ser a principal base da RENAMO.

"Livres para nos reunirmos onde quisermos"

Poderá a escolha do local reacender más lembranças entre os moçambicanos e trazer receios de um retorno à guerra? A RENAMO, através do seu porta-voz, António Muchanga, responde que não sabe, mas lembra que "as pessoas são livres de pensarem o que quiserem."

António Muchanga
António Muchanga, porta-voz da RENAMOFoto: DW/Romeu da Silva

"Nós também somos livres de tomarmos as decisões. Neste caso foi escolhido Satungira, mas podia ser a Casa Banana, Vunduzi, Maringue ou outro local. Somos livres para nos reunirmos onde quisermos”, sublinha António Muchanga.

O maior partido da oposição rejeita os resultados eleitorais por considerar que o processo foi fraudulento. Uma vez que anulação do processo foi rejeitada pelo Conselho Constitucional, a RENAMO propôs um Governo de gestão, em que o partido estaria incluido, ou então a divisão do país, onde governaria as províncias onde obteve vitória.

No entanto, o Governo da FRELIMO recusou categoriamente as propostas, considerando-as anti-democráticas.

Governo e comunidade internacional pressionados?

Será este encontro da RENAMO no seu bastião militar uma forma de pressionar o Governo a satisfazer uma das suas exigências? António Muchanga nega e diz que se trata de uma reunião normal.

Mosambik Führer der Oppositionspartei RENAMO Afonso Dhlakama 2013
Afonso Dhlakama na GorongosaFoto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

"Se esse encontro representa pressão ou não, até agora não tenho conhecimento. O que sei é que a Gorongosa, por fazer parte do território da República de Moçambique, foi o local escolhido pela Comissão Política da RENAMO para a reunião que vai ter lugar nos próximos dias. E é lá onde vamos estar reunidos”.

Porém, Calton Cadeado, analista político do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Moçambique, tem uma opinião contrária relativamente a este ponto. “Acho que tem um peso político e psicológico muito forte não só junto do governo mas sobretudo na opinião pública nacional e internacional derivado da guerra neste país”.

Como está instalado mais um impasse entre a RENAMO e o Governo da FRELIMO, as incertezas sobre o futuro do país reacenderam também. A assinatura do acordo do fim das hostilidades em setembro último e as eleições gerais ficam agora ensombradas.

Governo recusa "Governo de gestão"

A DW África perguntou à RENAMO que atitude pretende tomar se as recusas do Governo persistirem. “Já dissemos que o que a RENAMO vai fazer será anunciado nos próximos dias porque o Governo ainda não nos disse que recusa o “Governo de gestão”. Estamos a ouvir comentários dispersos provenientes de algumas pessoas", respondeu António Muchanga.

O partido vai agora "ouvir o que o Governo vai dizer amanhã no discurso a ser proferido no banquete do fim de ano", adiantou o porta-voz da RENAMO.

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"Se calhar a partir dessa altura vamos tirar as ilações necessárias para podermos de facto esboçar uma estratégia em função da resposta que tivermos".

Esta espera da RENAMO é criticada pelo analista Calton Cadeado. “A RENAMO sempre entra a reboque do que a FRELIMO e o Governo fazem. Quando foi o Congresso, a RENAMO esperou para fazer tudo. E tudo o que fez era em oposição ao que a FRELIMO dizia e fazia. Este foi o comportamento da RENAMO em todo o processo político até agora, mas sobretudo nos últimos anos”.

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