RENAMO tenta minimizar conflito em Moçambique
24 de outubro de 2013Na segunda-feira, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, tinha lido uma declaração à imprensa que dizia que a tomada pelo exército da base onde se encontrava o líder do partido, Afonso Dhlakama, "coloca ponto final aos entendimentos de Roma", assinados em 1992.
"A tomada da base do presidente Dhlakama, pelos comandos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e pela Força de Intervenção Rápida (FIR), marca o fim da democracia multipartidária em Moçambique. Esta atitude irresponsável do Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança coloca ponto final aos entendimentos de Roma", afirmou na ocasião Fernando Mazanga.
"Interpretação errada" das declarações
Em declarações à agência Lusa em Maputo, o porta-voz da RENAMO declarou que o partido continua vinculado ao Acordo Geral de Paz assinado com o Governo moçambicano em 1992 e que as informações sobre a denúncia do pacto resultam de uma interpretação errada.
"O Acordo Geral de Paz é o nosso produto, continuamos vinculados a ele, é o nosso filho e usamos com ele a sabedoria do Rei Salomão, que ficou do lado da mulher que se recusou a sacrificar o seu filho", disse o porta-voz da RENAMO.
"Fizemos ver na conferência de imprensa que aquela atitude do governo significa que está a romper o acordo e não nós. Vamos emitir uma declaração política a corrigir a interpretação errada de que nos retirámos do acordo", disse Fernando Mazanga.
Participação na Assembleia da República
O porta-voz da RENAMO afirmou que a prova de que o seu partido mantém o respeito pelo Acordo Geral de Paz é a participação da bancada parlamentar do partido nas sessões de quarta-feira e de hoje na Assembleia da República.
"O partido e os seus órgãos continuam a funcionar normalmente e o líder está de boa saúde", ressalvou Fernando Mazanga, sobre Afonso Dhlakama, que continua em paradeiro desconhecido desde que foi desalojado da sua casa em Satunjira.
Mediação entre as duas partes
Em declarações à imprensa, no final de um encontro com alguns dirigentes da RENAMO em Maputo, Lourenço do Rosário, que tem atuado como "intermediário" no processo negocial entre o principal partido da oposição e o Governo, disse à imprensa que Afonso Dhlakama exige o fim da perseguição militar de que está alegadamente a ser alvo, como condição para o reatamento das negociações com o governo.
"Durante estas duas horas em que estivemos reunidos com a delegação da RENAMO, pediram-nos para transmitir ao Presidente (de Moçambique) a vontade de dialogar, mas há questões que se modificaram. Gostariam de ver do lado do governo alguns sinais de desanuviamento, para permitir que o presidente da RENAMO possa reaparecer, porque, neste momento, para todos os efeitos, está a ser militarmente perseguido", afirmou Lourenço do Rosário, que é igualmente reitor da Universidade A Politécnica.
Sinais indiretos de paz de Dhlakama
Segundo Lourenço do Rosário, Afonso Dhlakama disse aos quadros do seu partido que estão em Maputo que mantém o compromisso com a paz, mas está impedido de dirigir o processo de diálogo com o Governo da FRELIMO pela ação militar em curso. "Ele reafirma que não quer voltar à guerra e a delegação da RENAMO pediu para transmitir ao Presidente da República essa vontade", sublinhou Lourenço do Rosário.
O mediador lamentou o facto de ambas as partes emitirem sinais contraditórios relativamente ao modo como pretendem resolver a atual crise política, admitindo haver setores que defendem "uma solução final" para o diferendo.