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PolíticaRepública Centro-Africana

RCA: Oposição rejeita reeleição de Touadéra

Lusa
19 de janeiro de 2021

Coligação de 15 partidos da oposição na República Centro-Africana (RCA) classifica as eleições de dezembro, que deram a vitória ao Presidente Faustin Archange Touadéra, como uma "farsa".

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Presidente Faustin Archange TouadéraFoto: ALEXIS HUGUET/AFP

O chefe de Estado da RCA foi reeleito com 53,16% dos votos, numas eleições em que só 35,25% dos eleitores votou. Dois em cada três eleitores recenseados não puderam votar nas presidenciais e legislativas de 27 de dezembro, devido à insegurança.

Os grupos armados mais poderosos, que controlam dois terços do território, lançaram uma nova ofensiva uma semana antes das eleições.

A coligação da oposição democrática (COD-2020) disse esta terça-feira (19.01) em comunicado que não reconhece a reeleição de Touadéra, "declarado vencedor, com apenas 17% do eleitorado" e denunciou "inúmeras fraudes e irregularidades".

"As eleições agrupadas de 27 de dezembro de 2020 não passam de uma farsa e não refletem de forma alguma a expressão da vontade do povo centro-africano", acrescentou.

Críticas a Tribunal Constitucional

Os candidatos da oposição tinham apresentado vários recursos ao Tribunal Constitucional para contestar os resultados eleitorais. Mas o tribunal anulou ou corrigiu os resultados de algumas mesas de voto, por irregularidades, e decidiu esta segunda-feira que "dada a dimensão da discrepância de votos", o seu impacto "não poderia inverter os resultados".

O tribunal também indeferiu vários recursos, com o fundamento de que os requerentes "não tinham produzido qualquer prova irrefutável".

"O Tribunal Constitucional, em vez de declarar a lei, tomou uma decisão com base em motivações políticas", denunciaram esta terça-feira os membros do COD-2020.

"As inúmeras fraudes e irregularidades que mancharam estas eleições, para as quais a oposição forneceu provas, foram ignoradas pelo Tribunal Constitucional", acrescentaram.

"Em vez de reconciliar os centro-africanos, as eleições presidenciais e legislativas polarizaram ainda mais o cenário político e a sociedade centro-africana", disse Hans de Marie Heungoup, analista da África Central do Grupo Internacional de Crise (ICG), à agência de notícias francesa AFP.

Isto no mesmo dia em que altos representantes de União Africana, CEEAC, Nações Unidas e da União Europeia apelaram ao diálogo e respeito pela decisão do Tribunal Constitucional do país, que validou os resultados das eleições presidenciais de 27 de dezembro. 

Esta segunda-feira, após a sua reeleição ter sido validada pelo Tribunal Constitucional do país, o Presidente da República Centro-Africana (RCA), Faustin Archange Touadéra, apelou à reconciliação nacional e disse estar disposto a estender a mão à oposição democrática, num discurso à nação.

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