A República Democrática do Congo em suspense
19 de dezembro de 2016A tensão aumentou nas últimas horas na capital do Congo Democrático onde centenas de pessoas desafiaram as autoridades e foram manifestar pelas ruas de Kinshasa contra a continuação no cargo do Presidente cessante Joseph Kabila, cujo mandato expira dentro de poucas horas.
A data da próxima eleição presidencial permanece incerta, tal como o papel que Joseph Kabila, terá num eventual periodo transitório: pontos litigiosos continuam na agenda do diálogo, considerada de última chance, mediada pela igreja católica. Um diálogo que foi suspenso até quarta-feira, 21 de dezembro. A oposição está determinada a tudo fazer para que seja respeitado o prazo, enquanto vários movimentos da sociedade civil continuam a lançar apelos à população para que levem a cabo manifestações que possam obrigar Kabila a abandonar o poder.
Paz no país
Num dos bairros populares de Kinshasa, o correspondente da DW África, falou com uma vendedora de rua que, apesar de deplorar o aumento do custo de vida, reclama uma única coisa, a paz no seu país. "Não tenho nenhuma esperança em relação ao dia de hoje, ou seja até à meia-noite de 19 de dezembro. Esta data só diz respeito aos políticos...nós a população sómente queremos viver em paz e entrar no novo ano de forma tranquila".
Misseka, é um jovem de trinta anos e trabalha num banco em Kinshasa. Segundo ela, a população do país deve juntar-se nas ruas e marchar até ao Palácio para exigir o respeito da Constituição pelo Presidente cessante Joseph Kabila.
"Gostaria de ver o povo congolês unido à frente do Palácio da Nação e dizer ao senhor Presidente para abandonar o cargo como diz a Constituição".
Cristina, é estagiária num hospital da capital congolesa e para ela uma marcha ou as manifestações são ações que devem ser levadas a cabo para que a população seja escutada, mas a jovem exorta os seus concidadãos a pensarem no futuro imediato, ou seja após o dia de hoje.
"Não aprecio muito o que está a acontecer no meu país. 19 de dezembro é o fim oficial do mandato do Presidente e ele mais do que ninguém deve saber como fazer e do outro lado, a população que vai para as ruas, enfrenta as forças da ordem, etc...Mas fazer isso tudo para quê? Não acredito que depois destas manifestações, violencias e outros atos Kabila abandone tão depressa o poder. Não acredito nesta possibilidade. Por isso digo é preciso que sejam encontrados outros mecanismos para que a Constituição não seja violada".Apelos à calma
Entretanto, a ONG de defesa dos direitos do Homem, a Human Rights Watch, alerta que "existe um sério perigo da RDC mergulhar-se no caos".
Também a ONU, já apelou os congoleses à calma e à contenção e, em particular, as forças de segurança "que devem garantir os direitos à liberdade de associação".
Congoleses em Luanda
A comunidade congolesa radicada na capital angolana, Luanda, vive com apreensão o momento político na República Democrática do Congo (RDCongo) e aponta o dedo ao Presidente Joseph Kabila.
Angola partilha com a RDCongo uma fronteira de 2.511 quilómetros sendo o Governo de José Eduardo dos Santos aliado histórico de Joseph Kabila.