Restos mortais de Jonas Savimbi exumados no Luena
31 de janeiro de 2019A informação é do porta-voz do maior partido da oposição angolano. Alcides Sakala referiu que o ato teve lugar na manhã desta quinta-feira (31.01) na presença de uma delegação da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e do Governo.
Segundo Alcides Sakala, realizou-se a exumação e a recolha das amostras dos restos mortais de Savimbi para o exame de DNA, a ser feita por técnicos portugueses, sul-africanos e angolanos, nos respetivos países.
"Penso que a partir de agora os técnicos vão começar a trabalhar e vamos ver a evolução desse processo", salientou o porta-voz da UNITA, acrescentando que não há ainda uma previsão para a divulgação dos resultados.
Em declarações à imprensa, Sakala disse ainda tratar-se de "um ato histórico para a família, para o partido e para o país".
"Pode representar um passo importante naquilo que é a perspetiva do reencontro dos angolanos. É uma figura incontornável para a história de Angola pela sua contribuição durante a luta de libertação nacional e participou também na fase importante para o aprofundamento do processo democrático no nosso país", complementou.
Funeral condigno
Para o analista político Agostinho Sicatu, o ato é um passo importante para o funeral condigno de Jonas Savimbi. "Felizmente, pela primeira vez na história, um líder político na oposição merece esse funeral condigno. Angola não nos habituou a isto. Não nos habituou a conceder a dignidade aos mortos", disse.
No governo do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, o processo de reconciliação nacional foi, por muitas vezes, questionado. Agostinho Sicatu espera que a exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi seja um sinal de retomada do processo de unidade nacional.
"Angola não está reconciliada. É preciso que se diga isso de bom tom. Tem ainda feridas que estão bastante abertas. Estas feridas abertas precisam, claramente, de um espaço de reconciliação, por isso, seria bom que Angola criasse um Conselho Nacional de Reconciliação", sugere.
Cerimónia fúnebre esperada para abril
No ato desta quinta-feira participaram da parte da UNITA, o coordenador da comissão organizadora das exéquias de Jonas Savimbi, Joaquim Ernesto Mulato, Rafael Massanga Savimbi, Durão Savimbi e Kanganjo Savimbi, filhos do primeiro presidente do partido, um sobrinho, o porta-voz do partido e deputado Maurílio Luiele.
Da parte governamental, avançou Alcides Sakala, esteve presente uma delegação bastante vasta, chefiada pelo general Cequeira, ligado à Casa Militar do Presidente da República.
Na terça-feira, o vice-presidente da UNITA, Raul Danda, avançou à Lusa que as cerimónias fúnebres do fundador do partido deverão acontecer na primeira semana de abril.
Jonas Savimbi foi morto em combate no dia 22 de fevereiro de 2002 e os seus restos mortais foram sepultados no cemitério de Luena, capital do Moxico.